Ao sancionar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 nesta terça-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou o cronograma de liberação de emendas impositivas dos parlamentares.
A LDO estabelece, anualmente, as regras para a execução orçamentária, limites para os gastos públicos e estimativa de arrecadação de receitas.
Um dos trechos vetados por Lula propunha a obrigatoriedade do governo federal em empenhar (reservar) recursos para o pagamento das emendas impositivas em até 30 dias depois da divulgação das propostas do deputado ou senador.
Além disso, outro inciso determinava que todo o pagamento das emendas deveria ser realizado ainda no primeiro semestre de 2024, no caso de transferências fundo a fundo – ou seja, da União para os entes federados – para as áreas de saúde e assistência social.
Nas razões do veto, o governo federal informou, com base na análise do Ministério da Fazenda, que a medida, caso fosse aprovada, traria “rigidez na gestão orçamentária e financeira” e dificultaria “a gestão das finanças públicas”. A mensagem foi publicada em despacho presidencial no Diário Oficial da União desta terça-feira.
Hoje, o governo federal já é obrigado a executar essas emendas, mas pode decidir quando elas serão liberadas. A LDO de 2024 foi aprovada pela Congresso Nacional no dia 19 de dezembro. O ponto mais polêmico do texto dizia respeito às emendas parlamentares. O relator da LDO, o deputado Danilo Forte (União-CE), à época, incluiu um cronograma que previa o pagamento obrigatório de emendas parlamentares impositivas no primeiro semestre.
A mudança enfraqueceria o Poder Executivo em negociações com o Congresso, já que frequentemente a liberação ocorre nas vésperas de votações importantes para o Palácio do Planalto.
Em 2023, o Palácio do Planalto mais que dobrou o empenho de emendas parlamentares, quando comparado ao último ano de gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foram empenhados R$ 34,6 bilhões em emendas, ante R$ 16,8 bilhões em 2022.
Empenho é a reserva do recurso que vai ser pago depois que o serviço for concluído ou a compra for entregue. As emendas parlamentares são um instrumento que permite deputados e senadores enviarem dinheiro para suas zonas de influência.
Lula também vetou uma proposta aprovada na LDO de 2024 sobre pauta de costumes. De autoria do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o artigo da lei vedava “a União de realizar despesas que, direta ou indiretamente, promovam, incentivem ou financiem" o que a bancada evangélica e ruralista chama de "valores tradicionais:
Ao barrar o trecho, o governo federal afirmou que as vedações ferem preceitos constitucionais e provocam insegurança jurídica. Além disso, o veto presidencial destaco que a lista de vedações de "várias condutas aleatórias" sequer estavam previstas no Orçamento.
Lula sancionou o trecho da LDO que determina meta de déficit zero em 2024. Na prática, o governo federal não pode gastar mais do que arrecada.
O petista chegou a dizer que "dificilmente" o governo conseguiria atingir o objetivo, que é de quitar a dívida pública da União. A declaração provocou tensão do governo com alas do Congresso Nacional e não foram bem vistas pelo mercado. Em meio a pressão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que não mudaria a meta.
A LDO foi aprovada pelo Congresso e sancionada por Lula com um trecho que retira da meta fiscal deste ano parte dos gastos em investimentos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dessa forma, R$ 5 bilhões de investimentos de estatais federais com orçamento próprio direcionados ao PAC não serão contabilizados como despesa na hora de calcula o cumprimento da meta fiscal de 2024.
Com o orçamento apertado para verbas discricionárias, de investimentos, o governo federal teve que abrir mão em relação ao fundo eleitoral. Assim, Lula sancionou os R$,4,9 bilhões que serão destinados aos partidos políticos e candidatos que vão disputar as eleições municipais deste ano.