BRASÍLIA - O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) vão disputar o segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo.  Com 99,52% das urnas apuradas, o candidato do MDB registra 29,49% dos votos válidos, contra 29,06% do adversário na votação deste domingo (6).

O empresário Pablo Marçal (PRTB), que protagonizou os principais embates da eleição, terminou em terceiro lugar, com 28,14%, e está fora do segundo turno. A diferença entre ele e Boulos ficou em pouco mais de 50 mil votos. A deputada federal Tabata Amaral (PSB) teve 9,93% dos votos e o apresentador José Luiz Datena (PSDB), 1,83%.

Veja o resultado completo, em votos válidos:

  • Ricardo Nunes (MDB) - 29,49%
  • Guilherme Boulos (Psol) - 29,06%
  • Pablo Marçal (PRTB) - 28,14%
  • Tabata Amaral (PSB) - 9,92%
  • José Luiz Datena (PSDB) - 1,84%
  • Marina Helena (PSDB) - 1,38%
  • Renato Senese (UP) - 0,09%
  • Altino Prazeres (PSTU) - 0,05%
  • João Pimenta (PCO) - 0,02%
  • Bebeto Haddad (DC) - 0,01%

O resultado leva ao segundo turno, a ser disputado no dia 27, os candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com Boulos e Nunes em confronto direto nas próximas semanas, a expectativa é que a polarização nacional se reflita na capital paulista. 

O fato de Marçal ter ficado fora é uma vitória e um alívio para Bolsonaro e para o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), que mergulhou de cabeça na campanha de Nunes. Em diferentes momentos, o ex-presidente e seus filhos fizeram campanha aberta contra o influenciador, assim como lideranças evangélicas, como o pastor Silas Malafaia. 

No entanto, Bolsonaro não foi a nenhum evento da campanha de Nunes. Mesmo com esse cenário, Pablo Marçal conseguiu angariar boa parte dos eleitorados bolsonarista e evangélico, mas no fim, acabou perdendo a queda de braço para o prefeito.

Já para Lula, que chegou a participar da campanha de Boulos, a capital paulista é uma de suas principais apostas para as eleições deste ano. Além da afinidade com o candidato do Psol, ter um aliado em São Paulo é considerado estratégico pensando nas eleições de 2026.

Campanha foi marcada por baixaria e agressões

Logo na pré-campanha, em julho, uma das primeiras polêmicas provocadas por Marçal foi insinuar que a deputada federal Tabata Amaral, candidata pelo PSB, teria culpa no suicídio do próprio pai - a candidata estudava fora do país quando o pai faleceu. 

Poucas semanas depois, no primeiro debate, na Band, as insinuações se voltaram para Boulos: segundo o influenciador, o deputado seria usuário de cocaína e outras drogas ilícitas. Todas as acusações foram feitas sem apresentação de provas.

A situação se agravou às vésperas da eleição. Após o debate na Rede Globo na última quinta-feira (3), Guilherme Boulos apresentou um exame toxicológico comprovando a ausência de vestígios de cocaína em seu organismo. Na noite de sexta-feira (4), Marçal publicou em suas redes sociais um documento indicando que Boulos teria feito uso de cocaína e sido encaminhado a uma emergência psiquiátrica em 2021.

Na noite de sábado, peritos da Polícia Civil de São Paulo (PCSP) confirmaram que o laudo é falso, incluindo uma de médico forjada e erro no RG de Boulos. A equipe do candidato do Psol entrou com ações na Justiça Eleitoral e Criminal, pedindo a prisão de Marçal e do dono da clínica envolvida. O TRE-SP ordenou a retirada das postagens e suspendeu o perfil de Marçal por 48 horas, enquanto a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso.

Em relação a Ricardo Nunes, o candidato do PRTB explorou suspeitas contra o prefeito, como uma denúncia de violência doméstica feita por sua esposa, em 2011, e investigações como a da “máfia das creches” e a de supostas ligações entre empresas do transporte público paulistano e o PCC.

Por outro lado, seus adversários citavam reiteradamente a condenação do ex-coach por participar de uma quadrilha que desviou dinheiro de bancos em Goiás, em sentença publicada em 2010. Outro calcanhar de Aquiles do candidato foi a suposta ligação de lideranças de seu partido com o próprio PCC.

Os apelidos pejorativos foram outra marca da campanha: “bananinha”, “Tchutchuca do PCC”, “bandidinho”, “ladrãozinho de creche”, “invasor”, “aspirador de pó”, “Pablinho PCC”, “Pablito”, “Boules”, “Chatábata”, “Dapena”, entre outros.

Ataques verbais descambam para violência física

Dois episódios da campanha de São Paulo vão ficar negativamente marcados na história dos debates eleitorais do Brasil. No debate da TV Cultura, em 15 de setembro, Marçal provocou repetidamente o apresentador José Luiz Datena, candidato pelo PSDB, sobre uma denúncia de assédio feita por uma jornalista em 2019.

Dias antes, no debate na TV Gazeta, os dois quase entraram em confronto físico quando o tucano se aproximou do púlpito do empresário, mas acabou recuando. Desta vez, no entanto, ao ser provocado por Marçal, que sugeriu que Datena desistiria da candidatura e minutos antes o chamou de "jack" – gíria usada nas cadeias para quem comete estupro – o apresentador de TV perdeu o controle e atingiu o adversário com uma cadeirada.

Apenas oito dias depois, no debate do Flow, o candidato do PRTB foi expulso nas considerações finais por ter dirigido seguidas ofensas a Ricardo Nunes. Enquanto ele protestava com o mediador e se retirava do estúdio, seu videomaker, Nahuel Medina, agrediu com um soco o marqueteiro Duda Lima, da campanha do prefeito.

Os dois incidentes levaram as organizações dos debates a adotarem medidas de segurança inéditas, como parafusar as cadeiras ao chão, aumentar o número de seguranças por equipe de candidato, implementar o uso de detectores de metais e impor regras mais rígidas para coibir ataques à honra entre os candidatos.

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