BRASÍLIA – O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem tinha uma sala no segundo andar do Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), de onde despachava todas as tardes.
A informação foi relatada pelo servidor do órgão Christian Perillier Schneider em depoimento à Primeira Turma do STF, nesta segunda-feira (26).
A concessão de um gabinete na sede da Presidência da República teria sido inédita e não ocorrido em outros governos federais. Ramagem tinha relação pessoal com Bolsonaro, por quem tentou ser nomeado diretor-geral da Polícia Federal (PF), mas foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Schneider afirmou ainda que Ramagem tinha audiências semanais com o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, a quem nem sempre prestava contas.
“Alexandre Ramagem tinha agenda com Bolsonaro sem o general Heleno. Ele normalmente tinha um despacho semanal com o ministro, às segundas ou terças-feiras, mas tinha sala no Planalto e despachava com frequência com Bolsonaro sem que o GSI tivesse conhecimento prévio”, relatou Schneider.
Nesta semana, a Corte voltou a ouvir testemunhas de defesa dos réus que integram o “núcleo 1” de denunciados da Procuradoria-Geral da República (PGR). As oitivas conduzidas pelo ministro relator do inquérito Alexandre de Moraes seguem até 2 de junho.