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Em evento com tom eleitoral, Lula faz balanço do governo e critica gestão Bolsonaro: 'país em ruínas'

A solenidade desta quinta-feira (3) faz parte de um conjunto de ações para tentar melhorar os índices de aprovação do governo nas pesquisas de opinião

Por Levy Guimarães I Ana Paula Ramos
Atualizado em 03 de abril de 2025 | 12:55

BRASÍLIA – A campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parece ter começado. Pelo menos foi esse o tom do evento “Brasil dando a volta por cima”, realizado nesta quinta-feira (3) para mostrar ações do governo federal. O ato ocorre enquanto se acentua a queda da popularidade da gestão.

A solenidade, realizada em um centro de convenções em Brasília com capacidade para 3.000 pessoas, teve shows de luzes, câmeras por todo o ambiente e um palco onde apresentadoras e “entrevistas” exaltaram o presidente e ações criadas ainda nos primeiros governos petistas de Lula e Dilma Rousseff (2003 - 2015). 

Até mesmo duas poesias com balanço de números do Executivo foram lidas por um poeta durante o ato. Ao longo do evento, vídeos publicitários sobre programas federais foram exibidos com tom de horário eleitoral – nesses momentos, houve pequenas falhas técnicas, como cortes bruscos e áudio nem sempre sincronizado. 

Na plateia, além de parlamentares e ministros, o clima era de torcida. Na entrada, participantes entoaram o nome de Lula e, em seguida, gritaram "sem anistia" - em referência ao projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados para aliviar as penas das pessoas que participaram dos atos de 8 de janeiro de 2023. 

Durante a apresentação dos vídeos e no discurso de Lula, houve um revezamento entre a exaltação dos resultados de ações implantadas pelo Executivo ao longo de dois anos e críticas à gestão de Jair Bolsonaro (PL). O petista disse que, ao retornar ao poder, encontrou o "país em ruínas". 

“Minhas amigas e meus amigos, quando cheguei pela terceira vez à presidência, a sensação que tive foi a de uma pessoa que volta para casa depois de muito tempo, em vez da casa, só encontra ruínas. Foi a mesma sensação de um trabalhador rural que volta ao campo para plantar e só encontra a terra arrasada. O Brasil era uma casa em ruínas, uma terra arrasada”, disse.

Ainda segundo Lula, nos últimos dois anos, ele e sua equipe se dedicaram a "arrumar a casa" e, agora, vão começar a colheita. "Refizemos os alicerces, erguemos de novo as paredes. Aramos a terra, semeamos, regamos com carinho, estamos colhendo os resultados". 

"Mas ainda há muito a ser feito. Precisamos da união de todos para derrotar dar o ódio, a desinformação e a mentira. Sabemos dos enormes desafios que temos pela frente, mas sabemos também da extraordinária força de vontade e da capacidade de trabalho do povo brasileiro. O Brasil está no rumo certo", afirmou o presidente.

Afago ao Congresso Nacional

Ainda em sua fala, Lula fez questão de elogiar os ministros e o Congresso Nacional, em um gesto de reaproximação com o Parlamento. Durante missão oficial na última semana, o petista prometeu aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que manteria uma relação mais próxima com o Legislativo.

"O Brasil já teve presidentes com ampla maioria no Congresso Nacional que não conseguiram aprovar a quantidade de coisas que nós conseguimos aprovar. Por isso, meu muito obrigado aos deputados e senadores, e muito obrigado à sociedade brasileira por acreditar que este Brasil será definitivamente uma nação rica e próspera", disse ao fim do discurso.

Nessa tentativa de reaproximação, Lula foi na quarta-feira (2) até à residência oficial do Senado para encontrar Alcolumbre e líderes do Senado. Para conseguir tirar do papel medidas de incentivo ao crédito, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o presidente dependerá do aval do Congresso Nacional.

de decretos

Durante a solenidade, o presidente também assinou dois decretos durante o evento. O primeiro regulamenta o fundo social que destina R$ 18 bilhões do pré-sal para o Minha Casa, Minha Vida. O segundo autoriza o adiantamento do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS, com a primeira parcela prevista para abril.

Estratégias de comunicação

A solenidade faz parte de um conjunto de ações elaboradas pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, para melhorar os índices de aprovação do governo nas pesquisas de opinião. O presidente Lula enfrenta os piores índices de popularidade nos seus três mandatos.

Sidônio Palmeira tem enfatizado em suas falas que o governo federal alcançou feitos expressivos nos últimos dois anos, mas isso ainda não chegou na ponta. Por isso, o chefe da Secom orientou os ministros a incluírem a frase "O Brasil Dando a Volta Por Cima" em seus discursos e a destacarem os números da atual gestão em comparação com a anterior

Para aumentar a popularidade, sob a orientação de Sidônio, o presidente Lula tem intensificado a agenda de viagens e de entrevistas. O petista também anunciou, nos últimos dias, um pacote de medidas, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e mudanças nas regras do empréstimo consignado do setor privado, para trabalhadores formais, contratados com carteira assinada (CLT).

O governo espera que a melhora da safra, a partir de junho, contribua para a redução do preço dos alimentos. No mês ado, anunciou a redução da alíquota de importação de itens como carne e azeite. Em discursos anteriores, o presidente também afirmou que lançará em breve um programa de crédito para reforma de casas.

No evento desta quinta-feira, tiveram destaque programas como Pé-de-Meia, Farmácia Popular e a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil. Também foram lembradas iniciativas de governos petistas anteriores, como Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).