BRASÍLIA - Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreender o Congresso Nacional com a escolha da deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, como ministra de Relações Institucionais (SRI), não é descartado um aceno ao Centrão. É ventilado que o grupo político mais influente do Parlamento poderia assumir a liderança do governo na Câmara dos Deputados. 

Antes do anúncio do petista na sexta-feira (28), a expectativa era de que, com a saída de Alexandre Padilha da SRI para o Ministério da Saúde, um nome de Centro assumiria a articulação política do governo com o Congresso para melhorar a relação entre os dois Poderes. O mais cotado internamente era o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).

A escolha de Gleisi, antes cotada para comandar a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela relação com entidades e movimentos sociais, surpreendeu governistas, parlamentares do centro e da oposição em função do seu perfil radical. Ao mesmo tempo, a decisão de Lula sinaliza uma preocupação com as eleições de 2026, ao escolher para o cargo uma aliada de sua confiança.

Para evitar um início conturbado na relação com o Congresso, Gleisi, junto com Lula, telefonou para os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), além de Isnaldo Bulhões, em um gesto de respeito. A deputada federal, inclusive, teve um papel importante na aceitação pelo nome de Motta na base governista.

Com o intuito de manter uma boa relação com o Parlamento, é estudada no Palácio do Planalto a possibilidade de oferecer a um nome de Centrão o cargo da liderança da Câmara dos Deputados, que hoje está nas mãos de José Guimarães (CE). Ele é cotado para disputar o lugar de Gleisi na presidência nacional do PT, mas teria que vencer o favorito: Edinho Silva. 

Entre os nomes cotados para a liderança do governo na Câmara estão Isnaldo Bulhões e o líder do PSD, Antonio Brito (BA). No entanto, não há garantias de que eles ou outros parlamentares aceitem o cargo, já que a principal expectativa era a nomeação para o Ministério de Relações Institucionais. Além disso, a liderança do governo tem um caráter mais partidário, o que também pode influenciar a decisão.