BRASÍLIA - Em sua última coletiva antes de deixar o Japão rumo ao Vietnã, nesta quinta-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ameaçou devolver na mesma moeda a taxação de 25% do aço brasileiro pelo governo dos Estados Unidos.

Após uma agenda com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, ele disse que o presidente americano, Donald Trump, não é o "xerife do mundo" e deveria dialogar mais com  outros líderes mundiais.

“Nós temos duas decisões a fazer. Uma é recorrer à Organização Mundial do Comércio, que nós vamos recorrer, e a outra é a gente sobretaxar os produtos norte-americanos que importamos. É colocar em prática a lei da reciprocidade. Não dá para a gente ficar quieto achando que só eles têm razão e que só eles podem taxar os produtos”, disse.

Ainda na avaliação do presidente, as decisões de Trump, que sobretaxou importações de diversos países, vão ser prejudiciais aos Estados Unidos, com um aumento de preços e uma possível  inflação.

“Esse protecionismo não ajuda nenhum país do mundo. Vamos ver as consequências disso. Eu acho que vai ser ruim para os Estados Unidos. Vamos esperar um tempo porque o tempo, quem sabe, nesse caso, seja o senhor da razão”.

Nesta quinta-feira, Lula desembarcou em Hanói, no Vietnã, onde ficará até o próximo sábado (29). É a segunda vez que ele visita o país. Estão previstos encontros com o presidente vietnamita, Luong Cuong, e o primeiro-ministro, Pham Minh Chinh. Segundo o Itamaraty, o intuito é estreitar a “parceria estratégica” entre as duas nações. O Vietnã é o quinto destino global das exportações do agronegócio brasileiro.

No Japão, Lula assinou 10 acordos bilaterais e 80 instrumentos de cooperação com entidades, como universidades e institutos de pesquisa.  

A intenção, segundo o presidente, é trabalhar em temas que vão de transição energética à segurança alimentar, além do enfrentamento à mudança do clima, combate ao desmatamento e prevenção de desastres naturais. Outras prioridades são o aumento do comércio entre Brasil e Japão, inclusive no campo de combustíveis, e de parcerias industriais.