BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento nesta quarta-feira (26) após encontro com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e criticou o avanço da crise climática e o descumprimento de acordos para controle ambiental. O presidente também comentou sobre o fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza, comandado pelas tropas de Israel.

Lula disse entender “que o mundo atravessa uma situação política difícil, uma situação econômica complicada e muita insensibilidade na relação política dos Estados”.  

E lembrou que protocolos como o de Kyoto, assinado em 1997 para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, e acordos como o de Paris, adotado em 2015 com medidas de redução de emissão de dióxido de carbono, não foram cumpridos “e alguns países já desistiram” das metas. Lula não citou especificamente nenhum país, mas um dos que saíram de acordos foi o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

“Nós estamos vendo países que simbolizavam ação democrática sofrendo risco de desestabilização pela função e participação da extrema direita. Nós vimos o que está acontecendo na Europa, que era uma parte do mundo que só vivia em tranquilidade. Hoje, depois da guerra da Ucrânia, o que nós estamos assistindo é a Europa voltar a se preparar para comprar armas, para investimento em seu armamento”, disse. 

Ainda no pronunciamento, o presidente disse ver “com muita seriedade o fim do cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde muitas pessoas já foram mortas”. “E nessa semana, nós tivemos a tristeza de ver um brasileiro que foi preso em Israel”, acrescentou. “A recente violação do cessar fogo em Gaza soma-se a uma sequência de afrontas aos direitos humanitários”. 

Lula frisou que a situação no Oriente Médio exige “respostas urgentes da comunidade internacional” e que é hora de união diplomática em prol de interesses em comum. O presidente citou que discussões poderão ser tocadas na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 30, e a Cúpula do G20 na África, em novembro. 

Acordos 

Lula viajou ao Japão no último sábado (22). Os dois países am, juntos, 10 acordos bilaterais e 80 instrumentos de cooperação com entidades, como universidades e institutos de pesquisa.  

A intenção, segundo Lula, é trabalhar em temas vão de transição energética à segurança alimentar, além do enfrentamento à mudança do clima, combate ao desmatamento e prevenção de desastres naturais. Outras prioridades são o aumento do comércio entre Brasil e Japão inclusive no campo de combustíveis, e de parcerias industriais. 

“Concordamos que o comércio bilateral de US$ 11 bilhões não corresponde ao tamanho de nossas economias. Nossa meta é superar os US$ 17 bilhões registrados em 2011”, disse Lula após encontro com Shigeru Ishiba. 

O presidente declarou que “cuidar dos 211 mil brasileiros que residem no Japão é um tema prioritário”. “Requeri ao primeiro-ministro a importância do reforço do ensino japonês para a inclusão das 30 mil crianças e adolescentes brasileiros no ensino público”. 

“Essa viagem nossa ao Japão cria um novo marco de grandeza na relação Japão e Brasil. O Japão é um país democrático. O Japão é um país desenvolvido do ponto econômico, científico e tecnológico. O Brasil é um país que acompanha a os largos a necessidade de se desenvolver, de investir em educação, em ciência e tecnologia, em pesquisa”, disse. 

Lula continuou: “Porque nós temos consciência que não há possibilidade de um país crescer, se desenvolver e ficar rico se não houver um maciço investimento em educação. E nós queremos aprender com o Japão e colocar em prática no Brasil todos os avanços científicos e tecnológicos que o Japão obteve nos últimos anos".