INFLAÇÃO

Preço dos alimentos: Política de estoques de grãos e crédito para pequenos produtores podem ajudar c575z

Governo Lula tenta retomar política desmontada por Jair Bolsonaro, mas investimentos ainda são vistos como insuficientes 42136q

Por Ana Paula Ramos
Publicado em 08 de fevereiro de 2025 | 07:00
 
 
O governo de Jair Bolsonaro desativou 27 armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Foto: Geraldo Bubniak

BRASÍLIA - A alta no preço dos alimentos é uma preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que cobrou propostas dos ministérios para reverter a situação e, assim, melhorar os índices de popularidade do governo. 

Uma das propostas apontadas por especialistas como eficiente é o aprimoramento da política de estoques públicos de grãos, por meio do mecanismo de aquisição. Para formar o estoque, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) compra os produtos por um preço mínimo, suficiente para cobrir ao menos os custos de produção dos agricultores, e armazena os grãos até o momento ideal para a venda. 

Além de conter a alta nos preços, a medida é vista como um instrumento para garantir a oferta dos alimentos, mesmo com eventos climáticos extremos, como a seca e a enchente que assolou o estado do Rio Grande do Sul, no início de 2024.  

A política, no entanto, sofreu um desmonte durante o governo de Jair Bolsonaro, que desativou 27 armazéns da Conab. Atualmente a companhia tem 64 unidades armazenadoras (UAs) e também contrata espaços em armazéns privados para fazer estoques públicos. A capacidade total chega a 1,6 milhão de toneladas, incluindo os armazéns próprios e a rede credenciada. 

A Conab, por meio da assessoria de imprensa, destacou que houve um aumento no Orçamento do órgão no governo do presidente Lula. De acordo com os dados apresentados, no orçamento de 2023, a verba para modernização das unidades armazenadoras da Conab era de R$ 2 milhões. A atual gestão ampliou em R$ 10 milhões os recursos orçamentários, totalizando R$ 12 milhões. 

Em 2024, foram investidos R$ 14 milhões na modernização das UAs. Para 2025, a previsão é de R$ 15 milhões no orçamento.  

Para o biênio 2025/2026 estão previstos R$ 55 milhões de um convênio com Itaipu Binacional, que vai modernizar quatro UAs: Ponta Grossa, Cambé e Rolândia (Paraná) e Maracajú (Mato Grosso do Sul). E também está sendo acertado para 2025/2026 um acordo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para encaminhar a destinação dos 27 imóveis que foram desativados no governo ado. 

Investimentos na Conab ainda são vistos como insuficientes hl5w

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) defendeu mais investimentos do governo Lula na Conab, como forma de ampliação do crédito às cooperativas e aos pequenos agricultores, o que poderia conter a alta dos alimentos. 

João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, criticou a falta de apoio na política de crédito para pequenos produtores e cobrou da gestão Lula mais apoio.  

"Nós viemos num período de muita seca. O agronegócio aproveitando a alta do dólar para venda de commodities e nós que poderíamos dar uma resposta de produção agora não temos o ao crédito", disse. 
 
Na semana ada, o presidente Lula se reuniu com a direção do MST, no Palácio do Planalto. Também participaram o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e sua secretária-executiva, Fernanda Machiavelli, além do presidente da Conab, Edegar Pretto. 
 
João Paulo Rodrigues afirmou que "não é razoável que, de 1 milhão de agricultores, pequeno agricultor e agricultor familiar, somente 33 mil famílias tenham o a crédito para produzir alimento".   
 
"Para vocês terem uma ideia em números, nós trabalhamos sempre com uma referência de 1 milhão de famílias assentadas em reforma agrária. Desse total, somente 33 mil famílias tiveram o ao crédito. Isso é menos de 5% da base assentada", destacou, em entrevista a jornalistas. 

Propostas para aumentar produção de alimentos am pela Conab 6pz1t

Os diretores do MST também cobraram de Lula mais orçamento para a Conab, especialmente para programas de agricultura familiar.

"Nós temos falado com o presidente, que nós queremos que a Conab vire a nossa Petrobrás. Por que que o campo das energias tem tanto apoio e o tema dos alimentos não tem?", questionou João Paulo Rodrigues.

"Agora é decisão política dele com a área da Fazenda transformar o Brasil numa grande área de produção", ressaltou. 

Ceres Hadish, da direção nacional do MST, afirmou que, em relação ao crédito, apesar de um avanço na retomada de algumas políticas públicas, o o ainda está "muito aquém" do que os assentados precisam.  

Segundo ela, no encontro no Planalto, o presidente demonstrou preocupação com a alta dos preços dos alimentos, e foram apresentadas propostas pelo MST para resolver o problema. 
 
“a fundamentalmente por a gente fortalecer, não só a estrutura, mas as políticas públicas que am pela Conab, especialmente. Então, estruturar políticas que possam permitir o o de mais cooperativas, associações da agricultura familiar, da reforma agrária para, efetivamente, massificar a produção de alimentos".  
 
"Apresentamos alternativas em relação a outras possíveis modalidades, inclusive, de programas que já existem, como é o caso do PAA [Programa de incentivo à agricultura familiar]. Então, fortalecer o PAA cozinhas solidárias, fortalecer o PA formação de estoque, o PAA para efetivamente ter estoque de alimentos e produção e incentivo de alimentos", exemplificou. 

Procurado, o presidente da Conab não se manifestou.  

Inflação preocupa governo 6r1p43

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 10 de janeiro revelaram que os alimentos no domicílio, que são itens utilizados de forma rotineira em casa, tiveram inflação de 8,23% ao longo de todo o ano de 2024.   

Os destaques que impactaram esse aumento foram as carnes (20,84%), o café moído (39,60%), o leite (18,83%) e as frutas (12,12%). O índice é medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).