AGRICULTURA FAMILIAR

MST critica falta de apoio para pequenos produtores e sugere que Lula visite um assentamento em MG

Direção do movimento se reuniu com o presidente nesta quinta-feira e cobrou incentivo para assentados para conter alta dos preços dos alimentos

Por Ana Paula Ramos
Publicado em 30 de janeiro de 2025 | 19:40

BRASÍLIA - Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta-feira (30), o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) criticou a falta de apoio na política de crédito para pequenos produtores, o que poderia ajudar na alta dos preços dos alimentos. João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, afirmou que "não é razoável que, de 1 milhão de agricultores, pequeno agricultor e agricultor familiar, somente 33 mil famílias tenham o a crédito para produzir alimento". 

"Então nós viemos num período de muita seca. O agronegócio aproveitando a alta do dólar para venda de commodities e nós que poderíamos dar uma resposta de produção agora não temos o ao crédito", disse.

"Para vocês terem uma ideia em números, nós trabalhamos sempre com uma referência de 1 milhão de famílias assentadas em reforma agrária. Desse total, somente 33 mil famílias tiveram o ao crédito. Isso é menos de 5% da base assentada", destacou, em entrevista a jornalistas, no Palácio do Planalto, após o encontro com o petista.

Ceres Hadish, da direção nacional do MST, também afirmou que, em relação ao crédito, apesar de um avanço na retomada de algumas políticas públicas, o o ainda está "muito aquém" do que os assentados precisam. Segundo ela, o presidente demonstrou preocupação com a alta dos preços dos alimentos.

"Então, estruturar políticas que possam permitir o o de mais cooperativas, associações da agricultura familiar, da reforma agrária para, efetivamente, massificar a produção de alimentos". 

"Apresentamos alternativas em relação a outras possíveis modalidades, inclusive, de programas que já existem, como é o caso do PAA [Programa de incentivo à agricultura familiar]. Então, fortalecer o PAA cozinhas solidárias, fortalecer o PA formação de estoque, o PAA para efetivamente ter estoque de alimentos e produção e incentivo de alimentos", exemplificou.

Os representantes do movimento defenderam também investimentos do governo na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), como forma de ampliação do crédito às cooperativas e aos pequenos agricultores.

"Nós temos falado com o presidente, que nós queremos que a Conab vire a nossa Petrobrás. Por que que o campo das energias tem tanto apoio e o tema dos alimentos não tem?", questionou João Paulo Rodrigues.

"Agora é decisão política dele com a área da Fazenda transformar o Brasil numa grande área de produção", ressaltou. 

Lula deve visitar assentamentos

Segundo Rodrigues, o presidente teria se comprometido a visitar uma área de assentamento. Os representantes esperam que o destino já seja incluído na primeira quinzena de fevereiro, quando Lula deve retomar as viagens pelo país. Um dos locais sugeridos pelo MST é em Campo do Meio, no sul de Minas Gerais. O assentamento produz café e fica na área onde funcionava a usina Ariadnópolis.

"A gente espera que na primeira quinzena de fevereiro, assim que o presidente voltar a fazer as viagens, ele disse que quer viajar muito pelo Brasil, a gente espera que boa parte dessas viagens aconteçam de fato em territórios de reforma agrária fazendo anúncios", acrescentou Ceres.

Reforma agrária tem número "ridículo", diz MST

O movimento também reclamou bastante da política de reforma agrária no atual governo. Segundo João Paulo Rodrigues, o número de famílias assentadas por ano, cerca de 1.500, é "ridículo". No encontro com Lula, os dirigentes cobraram um compromisso de 65 mil famílias beneficiadas para 2025.

"Nós viemos dizer para o presidente que nós estamos insatisfeito com o programa de reforma agrária, com o que foi feito até os dias de hoje. É muito aquém da nossa expectativa. Mas que é possível ajustar, é possível o presidente corrigir a rota e apresentar um conjunto de demanda para o próximo período", disse.

"Somente 3.500 famílias foram assentadas nos últimos dois anos. Nós não podemos itir que, de um total de 65.000 famílias que estão acampadas, somente 3.500 foram assentadas, reconhecidas pelo Incra e pelo próprio Ministro do Desenvolvimento Agrário".