BRASÍLIA - Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paraná e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), foi anunciada como a nova ministra de Relações Institucionais do governo Lula nesta sexta-feira (28).
Amiga pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gleisi é conhecida por uma postura combativa, com defesas enfáticas do partido e das gestões petistas. Por isso, foi escolhida agora para reforçar a articulação do governo Lula e fortalecer o PT para 2026.
Gleisi nasceu em Curitiba, no Paraná, e é formada em Direito. Militante de esquerda, ela começou na política pelo movimento estudantil e se filiou ao PT em 1989.
Em 2003, no primeiro governo Lula, Gleisi assumiu a Diretoria Financeira da Itaipu Binacional. Presidiu o diretório estadual do PT no Paraná, entre 2008 e 2009, e em 2010 foi eleita senadora pelo Estado, sendo a primeira mulher eleita para o Senado no Paraná. Ex-braço direito de Dilma Rousseff (PT), ela assumiu a Casa Civil no primeiro mandato da petista. É deputada federal desde 2019.
Gleisi Hoffmann manteve-se fiel ao presidente Lula nos momentos mais difíceis, antes e durante a prisão do petista pela Operação Lava Jato. Ela sempre esteve na linha de frente da defesa do partido, de seus principais líderes e do legado dos governos petistas. Durante o impeachment de Dilma, em 2016, foi uma das ministras mais fiéis à ex-presidente. Depois, foi presença constante durante os 580 dias de prisão de Lula, reforçando sua lealdade.
Gleisi é presidente do Partido dos Trabalhadores desde 2017. Também foi a primeira mulher a comandar o partido. Sua gestão foi marcada pelos momentos mais delicados: o auge da Operação Lava Jato, a vitória de Jair Bolsonaro, em 2018, e os 580 dias de prisão de Lula. É bastante respeitada pela militância por não abandonar as pautas defendidas pela esquerda.
Seu mandato terminaria no meio de 2025, com novas eleições internas. Até o momento, o partido ainda não divulgou quem assume interinamente a legenda.
Com o avanço da Operação Lava Jato, Gleisi Hoffmann ganhou destaque nas redes sociais pela defesa contundente do presidente Lula, da ex-presidente Dilma Roussef e dos governos petistas. Com isso, ou a ser bastante atacada na internet.
Mesmo agora, no terceiro mandato de Lula, a deputada costuma se posicionar contra medidas defendidas pela equipe econômica, chefiada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Gleisi Hoffmann tem um histórico de atritos com a equipe econômica de Fernando Haddad. A deputada já criticou publicamente o pacote de corte de gastos elaborado pelo Ministério da Fazenda. Segundo ela, o partido tem o “direito” e “até um dever” de criticar decisões que acredita serem equivocadas na economia. O PT divulgou um documento citando “austericídio fiscal”, referindo-se ao "suicídio econômico por políticas de cortes de gastos".
Gleisi defendeu um déficit de 1% a 2% nas contas públicas durante conferência do PT, além de investimentos em infraestrutura e programas sociais para manter a economia aquecida. O ministro da Fazenda mantém posição sobre a necessidade do déficit zero, previsto no arcabouço fiscal, para equilibrar as contas públicas.
"A gente tem divergências e é normal a gente expor nossa visão e nossa forma de ver. Acho que Haddad está fazendo o papel dele como ministro da Fazenda. Ele tem a visão dele e nós temos uma visão um tanto quanto divergente, que foi exposta de maneira muito tranquila e respeito", rebateu a presidente do PT, na ocasião.
No início do ano ado, Gleisi também criticou uma declaração de Haddad que defendia o debate sobre a sucessão de Lula. Ela chamou a fala de “extemporânea”.