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Brasil articula posição conjunta com a Colômbia sobre eleições na Venezuela

Lula falou com Petro por telefone na noite de sexta (23); Brasil e Colômbia não am comunicado dos EUA e mais 10 países latinos sobre pleito na Venezuela

Por Lucyenne Landim
Publicado em 24 de agosto de 2024 | 10:32

BRASÍLIA - O governo brasileiro articula com a Colômbia uma posição comum após a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela de validar a reeleição de Nicolás Maduro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone, na noite de sexta-feira (23), com o presidente colombiano, Gustavo Petro.  

Até a manhã deste sábado (24), o Ministério das Relações Exteriores não divulgou nenhum comunicado oficial sobre o entendimento do TSJ, que é acusado de servir ao governo chavismo em benefício a Maduro. A expectativa, nos bastidores, é que o Brasil rejeite a validação da vitória de Maduro e cobre as atas eleitorais da Venezuela.

A articulação entre Lula e Petro acontece, especialmente, após a ausência dos dois países em comunicado sobre a situação. Os Estados Unidos e mais 10 países latinos publicaram nota rejeitando a decisão do TSJ. São eles: Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.    

A carta declara que os países já tinham “manifestado o desconhecimento da validade da declaração do CNE [Conselho Nacional Eleitoral], logo que se impediu o o aos representantes da oposição à contagem oficial, a não publicação das atas e a posterior negativa de se realizar uma auditoria imparcial e independente de todas elas”.  

O CNE foi o órgão que reconheceu a vitória de Maduro nas eleições presidenciais na Colômbia em 28 de julho, e a derrota do candidato da oposição, Edmundo González. A decisão, no entanto, não foi acompanhada da publicação das atas de votação, o que abriu brecha para que o resultado fosse contestado internacionalmente. González chegou a se proclamar presidente eleito e a apontar fraudes no processo.

“A Missão Internacional Independente de Determinação dos Acontecimentos sobre a República Bolivariana da Venezuela alertou sobre a falta de independência e imparcialidade de ambas as instituições, tanto o CNE como o TSJ. Os países que subscrevem reiteram que somente uma auditoria imparcial e independente dos votos, que avalia todas as atas, permitirá garantir o respeito à vontade popular soberana e a democracia na Venezuela", diz outro trecho da carta conjunta.

No último posicionamento sobre a eleição venezuelana, Lula disse discordar de nota publicada pelo PT, seu partido, reconhecendo a reeleição de Maduro. No dia seguinte à eleição no país vizinho, a legenda afirmou considerar Maduro reeleito, classificando o processo como uma “jornada democrática”.  

“O partido não é obrigado a fazer o que o governo quer, e nem o governo é obrigado a fazer o que o partido quer. [...] Eu não concordo com a nota, eu não penso igual à nota. Mas eu não sou da direção do PT”, afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha, em Porto Alegre, em 16 de agosto, voltando a cobrar o CNE pela apresentação das atas eleitorais.