TRAGÉDIA NO RS

Falas de Lula ao anunciar medidas no RS têm tom eleitoral e críticas a adversários

Presidente trocou afagos com aliados, criticou Bolsonaro e disse que iria voltar para casa ‘feliz’ após visitar abrigo

Por Levy Guimarães
Atualizado em 15 de maio de 2024 | 18:38

BRASÍLIA - Após o anúncio de novas medidas de apoio aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um longo discurso em tom político ao visitar um abrigo em São Leopoldo, na região do Vale dos Sinos do Estado. 

Em sua fala, o petista não deixou de direcionar críticas a adversários. Classificou como “nojeira” a disseminação de fake news sobre a atuação do governo federal na tragédia, dizendo se tratarem de “vândalos que não fazem política, que não discutem política, que não querem argumento".

"Esse tipo de gente, eu tenho certeza que, depois desses milhões de voluntários que a gente vê aqui, mais dia, menos dia, vai ser banido da política brasileira”, afirmou.

Em outro momento, Lula relembrou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele destacou que o Brasil chegou a ser a sexta maior economia do mundo durante governos petistas, mas que quando ele retornou à presidência, o país ou a ser “desprezado”.

“E eu voltei 15 anos depois. A fome voltou. E esse país era o mais desprezado no mundo, por causa do comportamento político de um incivilizado que chegou à Presidência da República”.

A ministra da Saúde Nísia Trindade adotou tom semelhante. Ao destacar ações de sua pasta no enfrentamento à catástrofe no RS, também criticou a conduta do Ministério durante a pandemia da covid-19, na gestão de Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, em meio a aplausos efusivos, gritos e assovios da plateia, Lula trocou abraços e afagos com aliados, como Paulo Pimenta, nomeado como ministro extraordinário do Apoio à Reconstrução do RS, e o prefeito de São Leopoldo, o petista Ary Vanazzi.

Pimenta é cotado para disputar o governo gaúcho em 2026. O presidente ainda afirmou que pretende viver até os 120 anos e disputar “umas 10 eleições”, mesmo que esteja de bengala em futuros pleitos.

Alimentos, negros no RS, 'vaia' a ministra

No discurso de 43 minutos, Lula também abordou diferentes assuntos, como o preço dos alimentos. Disse ter se irritado ao saber do encarecimento do pacote de arroz e questionado o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sobre o problema. Ele teria ouvido a promessa de que com a colheita no RS, afetada pelas chuvas, a situação iria melhorar.

O petista também citou a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, ao dizer que não sabia como ela não foi vaiada no evento, ocorrido em uma universidade, já que ela é a responsável por negociar com os professores em greve.

Ainda sobre a situação no Rio Grande do Sul, Lula disse ter comentado com a primeira-dama, Janja da Silva, que se impressionou com a quantidade de negros no estado. “Não tinha noção”, afirmou.

Lula ainda classificou os abrigos do estado como “uma espécie de paraíso” para os desalojados, que segundo ele, pelo menos estão “segurados, recebendo comida, recebendo água, recebendo uma assistência médica". Por fim, o petista disse voltar para casa “feliz” por ter conversado e abraçado com pessoas do local.