BRASÍLIA - Como estratégia para conter uma crise e tentar recuperar espaço político, o PSDB aprovou a incorporação do Podemos. A decisão foi tomada em Convenção Nacional nesta quinta-feira (5).

O placar foi de 201 votos favoráveis à união, dois contrários e duas abstenções. A votação foi realizada em Brasília com a presença do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, do deputado federal Aécio Neves (MG) e de outros quadros da legenda.

"O PSDB mostra o seu vigor, a sua unidade interna e principalmente o seu compromisso com o Brasil. Nós reafirmamos o nosso compromisso de radicalizar pelo Brasil. Radicar no que é certo, contra a falta de uma política de responsabilidade social, de uma política externa séria, de uma política de geração de empregos entre outras questões", afirmou Perillo.

A decisão da Convenção Nacional também dá ao PSDB o poder de abrir espaço para incorporar ou firmar federação com outros partidos, o que deve ser levado à mesa de negociação ao fim do processo com o Podemos. 

Aécio Neves afirmou, na votação, que a intenção de incorporar o Podemos busca dar uma alternativa no campo de centro para enfrentar a polarização entre a direita e a esquerda. De acordo com ele, o PSDB "tem nas mãos a possibilidade de dar ao Brasil uma saída dessa polarização".

O deputado também reconheceu que o PSDB perdeu espaço e eleições e que tomou "decisões extremamente equivocadas" que custaram um "preço alto", mas que é capaz retomar protagonismo. "Nós não seremos mais coadjuvantes. Esperem que esse novo PSDB, radical no que importa, vem para dentro de pouco tempo, voltar a governar o Brasil e os principais Estados", declarou.

O acordo para fusão com o Podemos não foi a primeira estratégia do PSDB, e ainda enfrentou resistências. A sigla tucana tentou, antes, se juntar ao MDB e ao PSD, mas os termos colocados sobre a mesa não foram aceitos. 

A saída para o PSDB se deve ao encolhimento do partido nos últimos anos. Antes protagonista em uma posição de centro, a sigla se viu encolhida nas últimas eleições, com o acúmulo de derrotas em redutos tradicionais e recentes baixas importantes.  

Dois quadros de peso deixaram a legenda nos últimos meses e ingressaram no PSD, que vem ganhando espaço no Legislativo: os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e de Pernambuco, Raquel Lyra. No Congresso Nacional, a legenda tem três cadeiras entre as 81 do Senado e 13 entre as 513 na Câmara dos Deputados. 

Em 2022, o partido aprovou uma federação com o Cidadania na intenção de ampliar sua participação no debate político. Na federação, as legendas atuam em conjunto. Em março deste ano, o Cidadania aprovou, por unanimidade, o fim da federação com o PSDB, mas a decisão ainda não foi homologada pela Justiça Eleitoral.

De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Podemos, a união com o PSDB deve formar a quinta maior força partidária nas Câmara Municipais e reunir 400 prefeitos, ultraando o total de cidades comandadas por PT, PSB e PDT. Já no Congresso Nacional, a nova sigla deve ter uma bancada de 30 deputados e 7 senadores.