ARTICULAÇÃO

Hugo Motta negocia com Sâmia Bomfim pelo fim da greve de fome de Glauber

Negociação, que teve envolvimento de líder do PT, resultou em ligação do presidente para a deputada do Psol

Por Levy Guimarães, Lara Alves
Publicado em 17 de abril de 2025 | 17:00

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez um telefonema para a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) com o objetivo de negociar o fim da greve de fome do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), iniciada há mais de uma semana. O psolista responde por um processo que pede a cassação de seu mandato.

A ligação veio a partir da intermediação do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), que fez a ponte entre Motta e os parlamentares do Psol. Nas conversas, o petista chegou até mesmo a citar a proximidade da Semana Santa, já que o presidente é católico praticante.

O presidente da Casa não vinha mantendo contato com nenhum membro da bancada psolista. As negociações resultaram no telefonema feito por Motta a Sâmia.

“Em diálogo com a deputada Sâmia Bomfim (PSOL/SP) e o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), avançamos para o fim da greve de fome do deputado Glauber Braga  (PSOL/RJ). Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao Plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar”, publicou Motta nas redes sociais.

Na próxima terça-feira (22), Glauber Braga apresentará um recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra o Conselho de Ética da Câmara, que, na última quarta-feira (9), decidiu pela cassação do mandato dele por quebra de decoro.

A CCJ não analisa o mérito do processo de cassação, mas verifica se há vícios de legalidade ou inconstitucionalidade. Nesse sentido, cabe ainda ao colegiado avaliar, quando identificado vício, se é possível corrigir o erro cometido ou se é necessário anular todo o processo.

No entanto, Motta indicou que não deve deixar de pautar o processo contra Gleuber no plenário caso a CCJ autorize o andamento do caso. “Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, escreveu o presidente.

Hoje, nos bastidores, aliados de Glauber costuram um acordo pela manutenção do mandato do deputado. Um dos argumentos centrais é que a punição sugerida pelo relator, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), é desproporcional. O deputado do PSOL virou alvo de representação no Conselho de Ética por agredir um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) na Câmara.