BRASÍLIA - O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) ou a noite no plenário do Conselho de Ética da Câmara. O parlamentar também continua em greve de fome depois que um relatório pedindo a cassação de seu mandato foi aprovado pelo colegiado no início da noite de quarta-feira (9).

Glauber ou a noite acompanhado de poucos assessores e apoiadores e bebeu apenas água. Sua esposa, a também deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), permaneceu no local até quase 00h e voltou para casa para cuidar do filho do casal.

Na manhã desta quinta-feira (10), Glauber Braga permanecia sentado no chão do Conselho de Ética, onde também dormiu em alguns momentos da noite. A equipe de O TEMPO Brasília registrou uma foto com autorização de assessores dele.

Do lado de fora do plenário, um policial legislativo está a postos e controlando a entrada e saída de pessoas no local. O deputado também foi examinado por uma equipe médica, que atestou que ele está bem.

A decisão de permanecer no local e fazer greve de fome foi tomada individualmente por Glauber em forma de protesto ao caso dele no Conselho de Ética. A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) anunciou, na ocasião, que também faria greve de fome e ficaria no plenário do colegiado. 

Aliados, porém, a convenceram a se retirar na parte da noite por questões de saúde. Erundina não havia almoçado e fez apenas um lanche no início da tarde de quarta-feira. A deputada tem 90 anos de idade. 

Cassação

Glauber Braga foi alvo de uma ação no Conselho de Ética porque expulsou, em abril de 2024, um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) que o provocou a chutes dos espaços da Câmara.

Apesar de ter sido aprovado no Conselho de Ética, o parecer que pede a cassação do mandato dele ainda precisa ser analisado pelo plenário da Casa.

Para ter o mandato cassado efetivamente, a recomendação do colegiado precisa do apoio de 257 dos 513 deputados. Antes disso, o deputado também pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Interferência de Lira

Deputados do Psol e de partidos aliados declaram abertamente que há interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pela cassação do mandato de Glauber.

Eles apontam articulações de Lira nos bastidores e criticam a conivência do atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Na quarta-feira, líderes declararam que Motta não os atendia desde a manhã. 

O presidente da Câmara não abriu a ordem do dia – que marca o início das votações no plenário – até a noite, quando o relatório foi aprovado no Conselho de Ética. A decisão destoou do padrão de sua gestão, em que a ordem do dia costuma ser aberta à tarde.

Diante disso, deputados acusam Motta de agir em conluio com Lira. O presidente da Câmara também ignorou os apelos da bancada do Psol para antecipar a abertura da ordem do dia, o que encerraria a sessão do Conselho de Ética antes da votação do relatório.

Motta também cancelou a reunião do colégio de líderes desta quinta-feira. A reunião é uma agenda fixa. Com a escalada do caso de Glauber, havia a expectativa de que o presidente da Câmara fosse cobrado a se posicionar. 

Glauber é firme ao dizer que Lira quer cassá-lo pelas denúncias feitas sobre o Orçamento Secreto e a distribuição de emendas enquanto o alagoano presidia a Câmara dos Deputados.

O mandato de Arthur Lira terminou em fevereiro. Antes, ele apoiou a candidatura Hugo Motta para ser seu sucessor. O deputado alvo do processo afirma que o parecer do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), foi “comprado” por Lira.