BRASÍLIA - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), irá denunciar o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) em duas frentes depois de uma fala sobre a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Ele pedirá medidas contra Gayer no Conselho de Ética da Câmara e uma responsabilização criminal.
O mesmo movimento será feito pelo PT, partido político de Gleisi. A sigla também irá ao Conselho de Ética da Câmara para que Gayer tenha o mandato de deputado cassado. Além disso, fará uma denúncia criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR).
As informações foram confirmadas nesta quinta-feira (13). O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), que anunciou a posição da sigla, reagiu à fala de Gayer.
“Esse deputado é um canalha, assassino. Pode olhar a história dele”, disse, em referência a um acidente provocado pelo goiano em 2000, quando dirigia bêbado. Uma pessoa morreu na ocasião. O deputado chegou a ser denunciado, em 2015, pelo Ministério Público de Goiás.
“Aqui nessa Casa [Câmara] a gente tem que ter o mínimo de respeito. [...] Nós estamos no mês das mulheres e tivemos uma agressão violenta, de baixo nível, de uma figura desqualificada, como essa que a gente viu. Esse é o tipo de coisa que não dá para aceitar. É com esse tipo de gente que a gente está disputando, infelizmente. É com o esgoto”, completou o líder do PT.
Segundo Lindbergh, a revolta após a fala de Gayer não ficou restrita ao PT. "Causou revolta em toda a Casa a forma absurda, violenta que esse canalha se dirigiu”, completou.
Entenda
Na quarta-feira (12), Gayer usou o X para se dirigir diretamente a Lindbergh, que namora Gleisi desde 2020, e perguntou: “Vai mesmo aceitar o seu chefe oferecer sua esposa para o Hugo Motta e Alcolumbre como um cafetão oferece uma GP?? Sua esposa sendo humilhada pelo seu chefe e vc vai ficar calado??”. GP é a sigla para “garota de programa”.
O questionamento foi feito após fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apontada como machista. Em um evento no Palácio do Planalto, Lula disse que deseja se aproximar dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-SP).
Para isso, nomeou uma "mulher bonita" para cuidar da articulação política do governo com o Congresso Nacional, em referência a Gleisi.
"É muito importante trazer aqui o presidente da Câmara e o presidente do Senado, porque uma coisa que quero mudar é estabelecer relações com vocês. Por isso, coloquei essa mulher bonita para ser ministra de Relações Institucionais, porque não quero mais ter distância entre vocês”, disse o presidente da República.
A fala gerou repercussão negativa e, nesta quinta-feira, foi minimizada por Gleisi. Também no X, a ministra saiu em defesa de Lula, a quem citou como o presidente que “mais empoderou as mulheres".
“Repudio os ataques canalhas de bolsonaristas, misóginos, machistas e de violência política. Desprezam as mulheres. Não me intimidam nem me acuam. Oportunistas tentando desmerecer o presidente Lula. Gestos são mais importantes que palavras”, completou Gleisi.
Amplamente criticado, Gayer ironizou que saiu em defesa de Gleisi. “Deixa eu ver se eu entendi. Lula humilha e trata a Gleisi como um objeto. Ninguem do PT sai em defesa dela. Eu saio em defesa da Geisi condenando a fala do LULA. Todo o PT parte pra cima de mim me acusando de machismo. É isso mesmo?”, rebateu.
Na quarta-feira (12), o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) destacou o que foi dito por Gayer ao mencionar Alcolumbre, Gleisi e Lindbergh:
O deputado pelo visto está novamente bêbado e vamos lembrar que já matou duas pessoas nesta deplorável condição. Mas não vai se livrar da Comissão de Ética, pois falta de decoro, mesmo embriagado, é CRIME. pic.twitter.com/HxF8wo4FiO
— Rogério Correia (@RogerioCorreia_) March 12, 2025