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Oposição ataca ida de Gleisi Hoffmann para a articulação política de Lula
Líder da oposição e aliado de Jair Bolsonaro (PL), deputado Zucco (PL-RS) criticou opção de Lula (PT) por Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a articulação política
BRASÍLIA — A opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a Secretaria das Relações Institucionais (SRI) desagradou a oposição. Políticos alinhados à direita, que costumam rejeitar as decisões do petista, escalaram as críticas ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira (28). A análise é que a opção por um nome mais conciliador, como o de Isnaldo Bulhões (MDB-AL), suscitaria uma rejeição menor na oposição. Entretanto, após o anúncio de Gleisi, a indisposição cresceu com uma onda de críticas ao Planalto.
O líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), indicou que a opção pela deputada — e presidente do PT — é ruim e citou o perfil “radical” de Gleisi. “A nomeação da deputada para comandar a articulação política do governo é mais um sinal preocupante do caminho de que o país está trilhando sob a atual gestão”, declarou em nota. “É uma figura cuja trajetória política é marcada por conflitos, radicalização ideológica e dificuldades na construção de consensos. Só falta a Janja na Casa Civil para piorar ainda mais os ministérios”, completou.
Outros parlamentares, que compõem a ala mais combativa do PL, avaliam Gleisi como “a mulher mais odiada do Congresso”. A líder da minoria, deputada Caroline de Toni (PL-SC), também atacou a escolha de Lula e citou a alta no dólar após o anúncio do petista. “Na prática, sua missão [de Gleisi] será encobrir o fracasso da gestão petista e fabricar narrativas contra a oposição. O mercado não comprou essa farsa”, declarou.
Lula ignora Centrão e irrita ala do Congresso
Isnaldo Bulhões era incontestável. Cotado para a articulação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o líder do MDB na Câmara acabou preterido pelo petista, que optou pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI).
A liderança da terceira maior bancada da Câmara dos Deputados e a intimidade com o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) credenciavam Isnaldo para o cargo, além da preferência declarada dos partidos de Centrão pelo nome dele.
A dias da definição, o líder de uma das principais bancadas da Câmara avaliou que Isnaldo era a melhor opção e facilitaria o trânsito entre os partidos e o Palácio do Planalto. “Se eu fosse o Lula, escolheria o Isnaldo”, avaliou. Ainda nas horas que antecederam a opção de Lula pela aliada Gleisi, outro deputado classificou o candidato à SRI como “nome experiente, acostumado às interlocuções, ao diálogo e aos acordos”.
Isnaldo parecia a opção perfeita. Um nome para atender às exigências do Centrão, que desejava maior presença nos gabinetes da “cozinha” do Palácio do Planalto, e para pacificar as relações com o grande bloco da Câmara dos Deputados — com União Brasil, PP, PSD, MDB e Republicanos.
“A única questão [com Isnaldo] é se ele teria respaldo do Lula. Aquela cadeira [da Secretaria das Relações Institucionais] frita qualquer um se não derem tinta para a caneta…”, avaliou um deputado. “A questão é se o governo garantiria que os acordos seriam cumpridos…”, completou.
A opção de Lula por um quadro do PT — com estreita relação com ele próprio — incomodou alas do Centrão, que têm se sentido desprestigiadas nas mudanças na Esplanada dos Ministérios. Outra análise é que o petista optou por um nome dos nomes mais radicais do partido, e que talvez não conseguirá transitar no Congresso Nacional — como não conseguiu Alexandre Padilha, segundo a avaliação interna de lideranças na Câmara.