BRASÍLIA. Pelo menos oito senadores estarão afastados de seus mandatos durante os próximos quatro meses, enquanto acontecem as eleições municipais. No lugar, assumem os suplentes, que são eleitos na mesma chapa do titular.
Em muitos casos, eles são escolhidos levando em conta não só a proximidade política, como o montante doado na campanha e acordos firmados antes mesmo da eleição para que assumam o lugar do parlamentar eleito em algum momento dos oito anos de mandato.
Uma das suplentes a assumir uma cadeira no Senado nas últimas semanas foi a agora senadora Rosana Martinelli (PL-MS), substituindo Wellington Fagundes (PL-MS), que tirou licença médica para fazer uma cirurgia no ombro. Ex-prefeita de Sinop (MS), ela é investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, que depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Martinelli teve as contas bloqueadas pelo STF e o aporte, retido. Uma de suas primeiras ações no Legislativo foi propor um projeto de lei para anistiar as pessoas presas por terem participado dos atos. “Muitos dos acusados não cometeram crimes graves, e os órgãos responsáveis têm tido grande dificuldade de individualizar as condutas de cada manifestante. Não podemos permitir que todos sejam punidos dessa forma, pois isso é uma grande injustiça”, defendeu em discurso no plenário.
Acordo em Alagoas
Outro que deve se licenciar em breve é o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), possível candidato a vice-prefeito de Maceió (AL) na chapa do atual prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC. Ele deve se afastar do cargo assim que for votado o projeto que regulamenta a inteligência artificial no país.
Sua suplente é Eudócia Caldas (PL), mãe de JHC. A expectativa do grupo político é que o prefeito, bem avaliado na capital alagoana, seja reeleito, dando uma cadeira efetiva a Eudócia no Senado. Além disso, JHC tem planos de concorrer ao governo estadual ou ao Senado em 2026, cedendo a prefeitura para Cunha.
Troca temporária na bancada mineira
Nesta quarta-feira (17), o senador Carlos Viana (Podemos-MG) se licenciou para concorrer à prefeitura de Belo Horizonte, dando lugar a Castellar Neto (PP-MG) pelos próximos 120 dias.
Castellar foi secretário de Governo na gestão do prefeito de Belo Horizonte Fuad Noman (PSD) e é próximo ao grupo liderado pelo secretário Chefe da Casa Civil no governo Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro. Além disso, foi presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF) e um dos vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Outras trocas
Outros senadores decidiram se afastar temporariamente do parlamento para se dedicar à eleição de aliados em seus redutos eleitorais. É o caso do líder da Oposição, Rogério Marinho (PL-RN), que cederá lugar para Flavio Azevedo (PL-RN), e o líder do União Brasil, Efraim Filho (União-PB), substituído por André Amaral (UNIÃO-PB). Ambos os suplentes são empresários. Pelo mesmo motivo, o senador Eduardo Gomes (PL-TO) também pode se licenciar em agosto.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) assumiu, pelos próximos quatro meses, o cargo de secretária da Juventude do Maranhão, dando lugar ao suplente Bene Camacho (PSD-MA), cardiologista e ex-deputado federal.
Já Augusta Brito (PT-CE) se tornou, também de forma temporária, secretária de Articulação Política do Ceará. Em seu lugar, foi empossada Janaína Farias (PT-CE), que ocupava uma secretaria no Ministério da Educação. O atual ministro, Camilo Santana, é senador e tem as duas como suas suplentes.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), por fim, tirou licença médica para "se dedicar a um procedimento intensivo de fisioterapia do sistema vestibular". O suplente é Ireneu Orth (PP-RS) ex-prefeito de Tapera (RS) por 18 anos e produtor de soja.