A Polícia Federal usou uma reportagem de base para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização de busca e apreensão contra empresários que teriam defendido um golpe de estado.

O delegado Fábio Alvarez Shor considerou não só a gravidade das declarações como justificou as medidas diante da “necessidade de contextualizá-los com o momento pré-eleitoral de acirramento da polarização”. 

O argumento consta na representação enviada ao ministro Alexandre de Moraes na sexta-feira (19) e tornada pública apenas nesta segunda-feira (29)

Reportagem do portal Metrópoles relevou que Luciano Hang (dono das lojas Havan), Marco Aurélio Raimundo (Mormai) e Afrânio Barreira (Coco Bambu), dentre outros empresário mantinham um grupo de conversas no Whats App e teriam defendido golpe de Estado em caso de derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições.

Os alvos da PF incluem empresários investigados desde 2019 em inquéritos abertos pelo Supremo com foco na apuração do possível financiamento de notícias falsas e de ataques organizados às instituições a partir de milícias digitais.

"Devido a aproximação do pleito eleitoral, bem como o acirramento da polarização, impõe-se a atuação rápida da Polícia Federal para compreender e esclarecer os fatos, bem como uma atuação enérgica do Estado quando vislumbra-se a possibilidade de incentivo a ameaças e a articulações destinadas à abolição do Estado Democrático de Direito seja pela supressão de um de seus poderes ou pelo uso do poder econômico para interferir na opção de voto do cidadão", afirma Shor.

De acordo com o documento, o delegado aponta que as condutas investigadas possuem “risco de gerar ações violentas por adesão de voluntários”. 

Ele chama a atenção para o uso de aplicativos para a organização de atos e “a nítida intenção de ação de cooptação de pessoas em razão do poder econômico do mencionado grupo, bem como utilizando da posição hierárquica junto à funcionários para angariar votos ao candidato apoiado pelos empresários por meio de pagamento de ‘bônus em dinheiro ou em prêmio legal pra todos os funcionários’”. 

O delegado também pediu a quebra de sigilo considerando o risco de os investigados terem trocado de celular ou mesmo apagado o conteúdo armazenado no WhatsApp.

Ao autorizar as medidas, Alexandre de Moraes afirma que “não há dúvidas de que as condutas dos investigados indicam possibilidade de atentados contra a Democracia e o Estado de Direito”.

De acordo com o ministro, há “fortes indícios e significativas provas” de que existe uma organização criminosa com o mesmo número de produção e financiamento daquele identificado no inquérito das milícias digitais. 

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