CAFÉ COM POLÍTICA

Vereadora Iza Lourença diz que apoio da esquerda à presidência da Câmara segue indefinido

Parlamentar do PSOL, que foi reeleita nas eleições deste ano, comemorou aumento da bancada e ponderou que a Casa segue 'hostil' com a esquerda

Por Maria Clara Lacerda
Atualizado em 13 de novembro de 2024 | 11:22

Reeleita ao cargo de vereadora pelo PSOL, Iza Lourença declarou que o apoio da esquerda para a eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte ainda está indefinido. A parlamentar participou, na manhã desta terça-feira (13 de novembro) do Café com Política da FM O TEMPO 91,7, quando comemorou o crescimento da bancada de esquerda, mas ponderou que a Casa continua sendo um "lugar hostil" para o grupo político.

Questionada sobre um vídeo no qual alguns parlamentares da esquerda aparecem apoiando Juliano Lopes (Novo) na disputa pela presidência da Câmara, Iza considerou a ação "precipitada" por parte do vereador eleito Branco (PCdoB) e de Wagner Ferreira (PV). "Eu considerei a presença deles ali em um vídeo, não na reunião, mas num vídeo de apoio ao Juliano como precipitado. Foi um dia depois de acabar o segundo turno, dois meses antes da eleição da Câmara. A gente não conversou entre nós, e eu esperava que a gente pudesse ter um diálogo maior com esses dois vereadores do campo da esquerda, mas não julgo também", declarou.

Iza afirmou já ter se reunido com Juliano, que é parte do grupo conhecido como Família Aro, encabeçado pelo secretário chefe da Casa Civil do governo Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP). "Estou adotando uma postura muito mais de observadora, de conversar. Tive uma reunião ontem (terça-feira, 12 de novembro) com o Juliano e conversei com ele. Falei que não tenho a menor condição de dar a minha palavra, porque nós temos bastante tempo ainda até chegar à eleição, mas estou ouvindo todo mundo. Estou conversando para que a gente tenha a melhor decisão da esquerda", apontou.

Segundo a vereadora, a decisão precisa ser comedida já que a eleição da Mesa Diretora "não garante direitos para minorias" e pode fazer com que parlamentares e grupos políticos sejam isolados. "Quem ganha a eleição da Câmara, ganha tudo, inclusive a possibilidade de excluir determinado grupo. Então, se a minoria não votou em mim, eu posso colocar a pessoa numa comissão que não tem nada a ver com o tema que ela trabalha. Eu posso retirá-los de conselhos, excluir mesmo, politicamente. Isso faz com que a eleição se despolitize um pouco, porque, por mais que você não tenha acordo com aquele grupo político, você faz uma composição para não ser isolado politicamente", analisou.

Reeleição e crescimento da bancada da esquerda

Terceira vereadora mais votada na capital mineira, Iza foi escolhida por 21.485 eleitores nas urnas. "Boa parte da minha vida na Câmara foi lutando contra projetos inconstitucionais de perseguição a determinados grupos na nossa sociedade, principalmente grupos LGBTQIA+", destacou em uma leitura sobre o primeiro mandato. Segundo a parlamentar, ela se tornou uma "porta voz e uma alternativa" para as combater projetos da ala da direita. 

A parlamentar comemorou o resultado das eleições, mas afirmou que a Câmara segue como um "lugar hostil" para o grupo. "Tem uma maioria que é contra a esquerda e vai continuar hostil à nossa presença, mas acho que nós estamos preparadas para fazer os embates. E uma das maiores alegrias que a gente teve nessa eleição foi aumentar a bancada de esquerda. Não só o PSOL aumentou de duas para três mulheres, como o PT também aumentou de dois para quatro representantes. Essa maior quantidade de pessoas vai nos ajudar muito a trabalhar mais pautas e também a resistir ali dentro", declarou.

Além da reeleição de Iza, Cida Falabella também segue representando o PSOL na Câmara e Juhlia Santos a a compor a bancada da sigla. Já no PT, Pedro Patrus e Bruno Pedralva foram reeleitos, enquanto Luiza Dulci e Pedro Rousseff assumem cargos na CMBH em 2025. 

Entrevista concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho.