CRIMES CIBERNÉTICOS

Operação mira adolescentes de MG por estímulo à automutilação e nazismo

Ação da Polícia Civil do Mato Grosso acontece em 12 estados brasileiros; em Minas Gerais, foram cumpridos mandados nas cidades de Caeté e Sete Lagoas

Por José Vítor Camilo
Publicado em 27 de maio de 2025 | 12:32

Duas cidades mineiras foram alvo, nesta terça-feira (27 de maio), de uma megaoperação nacional contra "crimes cibernéticos de extrema gravidade" que vitimaram crianças e adolescentes, entre eles o estímulo à automutilação, apologia ao nazismo e pornografia infantil. Deflagrada pela Polícia Civil do Mato Grosso e coordenada pelo Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a operação Mão de Ferro 2 teve mandados cumpridos em Caeté e Sete Lagoas, cidades da região Central de Minas Gerais. 

Segundo a instituição policial, a operação ocorre de forma simultânea em 12 estados brasileiros, com o envolvimento das polícias civis de Minas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo. Serão cumpridos 22 mandados judiciais, entre busca e apreensão, prisão temporária e internação socioeducativa. 

“A troca de informações e o alinhamento entre os estados foram fundamentais para que essa operação atingisse abrangência nacional, visando proteger nossas crianças e adolescentes e responsabilizar aqueles que se escondem no ambiente digital para praticar crimes tão graves”, afirmou Rodney Silva, diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do MJSP.

Aplicativos de troca mensagens

A investigação policial identificou uma rede de pessoas, entre eles vários adolescentes, que articulavam ações de estímulo e até auxílio à automutilação e ao suicídio; perseguição (stalking); ameaças; e, até mesmo, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil. Também foi identificado o envolvimento do grupo em apologia ao nazismo e invasões de sistemas informatizados, ando bancos de dados públicos sem autorização. 

Os crimes aconteciam principalmente em plataformas digitais, como o WhatsApp, Telegram e Discord. Nos aplicativos, os suspeitos espalhavam conteúdos de violência extrema e incitavam comportamentos autodestrutivos. Para isso, eles utilizavam de coação psicológica, com ameaças e exposição pública das vítimas, causando danos emocionais e psicológicos graves. 

Um adolescente de 15 anos, da cidade de Rondonópolis (MT), é apontado como o líder do grupo criminoso. Ele já teria sido alvo da 1ª fase da operação, deflagrada em agosto de 2024 e, também, de outra operação, nomeada de Discórdia, que aconteceu em abril deste ano. 

Se somadas, as penas dos envolvidos podem ultraar 20 anos de reclusão, além de multas. Os investigados podem responder pelos crimes de:

  • Indução, instigação ou auxílio à automutilação e ao suicídio (Art. 122 do Código Penal) — pena de 2 a 6 anos, podendo ser dobrada se a vítima for criança ou adolescente.
  • Perseguição (stalking) (Art. 147-A do Código Penal) — pena de 6 meses a 2 anos, aumentada se contra criança ou adolescente.
  • Ameaça (Art. 147 do Código Penal) — pena de 1 a 6 meses ou multa.
  • Produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil (Arts. 241-A e 241-B do ECA) — pena de 3 a 6 anos (compartilhamento) e 1 a 4 anos (armazenamento).
  • Apologia ao nazismo (Art. 20, §1º, da Lei 7.716/89) — pena de 2 a 5 anos.