O hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti Netto, disse em depoimento à Polícia Federal que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas ou, caso não conseguisse, a conta de e-mail e o telefone do ministro Alexandre de Moraes, responsável por inquéritos contra a parlamentar no Supremo Tribunal Federal (STF) e que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A informação sobre o teor do depoimento é do blog da Andréia Sadi, da Globonews. Em fevereiro, o site The Brazilian Report revelou a intenção do hacker em invadir o celular de Moraes a pedido de Zambelli. O site inclusive divulgou áudios de Walter Delgatti Netto.
Assim como havia dito ao Brazilian Report, o hacker confessou à PF, segundo o blog da Andréia Sadi, que o pedido foi feito em setembro de 2022, num encontro entre os dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. À época, as pesquisas mostravam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente de Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, e o então presidente da República e seus apoiadores vinham atacando, sem provas, a segurança do sistema eleitoral.
No depoimento, ainda de acordo com o blog da Andréia Sadi, Delgatti itiu que não conseguiu ar o sistema da urna eletrônica nem o celular de Moares, e que não que não encontrou nada de comprometedor na conta de e-mail do magistrado, à qual teve o em 2019, quando invadiu aplicativos de outras autoridades.
Preso naquele ano por conta desses os, Delgatti foi posto em liberdade, mas voltou a ser detido em junho, por descumprimento de medidas judiciais – ele estava proibido de ar a internet, mas afirmou em entrevista estar cuidando do site e das redes sociais de Zambelli.
Após a nova detenção, Delgatti foi ouvido pela PF num inquérito que investiga a invasão do sistema de mandados de prisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inclusão de uma falsa ordem de detenção de Moraes.
Delgatti contou que a criação da falsa ordem de detenção de Moraes foi uma ideia dele, como uma espécie de alternativa – já que Zambelli, segundo ele, queria alguma coisa que pudesse demonstrar a fragilidade da Justiça brasileira. O hacker diz ter contado à deputada que tinha o ao sistema do CNJ e sugerido a emissão da ordem de prisão.
Zambelli, segundo o hacker, ficou empolgada, redigiu o documento e enviou para que Delgatti o incluísse no sistema. O hacker afirmou à PF que fez algumas alterações para corrigir falhas de português e emitiu o documento.
O hacker se reuniu com o então presidente Jair Bolsonaro em agosto de 2022 – antes, portanto, do encontro com Zambelli. Na ocasião, o núcleo bolsonarista quis saber detalhes do sistema de urnas eletrônicas. No depoimento, Delgatti confirmou o encontro com Bolsonaro.
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