DEFESA

Testemunhas blindam Anderson Torres de omissão no 8/1 e participação em plano de golpe

Coronel da PMDF, Cintia Queiroz de Castro reforçou narrativa de que plano de segurança foi elaborado pelo GDF, mas não foi seguido pelas partes envolvidas

Por Hédio Ferreira Júnior
Atualizado em 27 de maio de 2025 | 19:40

BRASÍLIA – A coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Cintia Queiroz de Castro afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27) que os atos de 8 de janeiro de 2023 teriam sido evitados se o plano elaborado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal tivesse sido seguido. 

A policial atuava como subsecretária de Operações Integradas da pasta e era subordinada do então secretário Anderson Torres quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Cintia foi ouvida como uma das testemunhas de defesa de Torres, que havia deixado o cargo em março de 2021 para se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Ao final do mandato, com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele retornou ao Governo do DF à convite do governador Ibaneis Rocha (MDB), que assumia um segundo mandato. 

A narrativa da coronel, já repetida em depoimento à Polícia Federal (PF) e em I que apurava os atos de 8 de janeiro, vai ao encontro às declarações de outros depoentes convocados pelos advogados de Anderson Torres que desassociaram o ex-ministro e ex-secretário de um plano de tentativa de golpe de Estado.  

Questionada sobre um trecho do Protocolo de Ações Integradas (PAI) que tratava da proibição do o de pessoas na Praça dos Três Poderes, Cintia confirmou que essa parte foi aprovada por Torres, que estava de férias nos Estados Unidos dias depois de ser empossado na Secretaria de Segurança Pública.

“Se o PAI tivessem sido seguido, os atos do 8/1 teriam sido evitados”, afirmou.

A defesa de Anderson Torres

As oitivas estão sendo conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo na Corte. Entre as outras testemunhas indicadas pela defesa de Torres, estavam delegados da Polícia Federal (PF) e ex-integrantes da Secretaria de Segurança Pública do DF.

Os depoentes negaram que Torres tenha defendido a reeleição de Bolsonaro em reuniões institucionais e que ele só participou de uma llive em que o ex-presidente colocava em dúvida a idoneidade das urnas eletrônicas porque foi “convocado”.

Torres foi preso em 14 de janeiro de 2023, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Quatro meses depois, ele foi solto e, desde então, é monitorado por tornozeleira eletrônica.

STF já ouviu 38 testemunhas

Até esta tarde, foram ouvidas 38 das 82 testemunhas na ação que apura um suposto plano de golpe de Estado que visava manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota em 2022 para Luiz Inácio  Lula da Silva (PT).  Dez foram dispensadas – nove pela defesa e uma pela acusação –, duas prestaram declarações escritas e 32 ainda devem ser ouvidas. 

Desde a semana ada, o STF já ouviu as testemunhas de acusação indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), além de testemunhas de defesa do ex-ajudante de ordens da Presidência da República Mauro Cid, do ex-ministro e general da reserva Walter Souza Braga Netto, do ex-diretor-geral da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); do ex-comandante da Marinha Garnier Santos e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno.