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Testemunhas blindam Anderson Torres de omissão no 8/1 e participação em plano de golpe
Delegado da PF descobre que é investigado ao depor como testemunha de Anderson Torres no STF
Caio Rodrigo Pellim prestou depoimento por videoconferência nesta terça-feira (27); ele foi chamado a falar na ação penal da suposta tentativa de golpe
BRASÍLIA - O delegado da Polícia Federal (PF) Caio Rodrigo Pellim foi surpreendido, durante depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), com a notícia de que é investigado pela suposta operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar a chegada de eleitores às urnas, especialmente no Nordeste, em 2022. No momento, ele acreditou que iria prestar esclarecimentos como testemunha.
Pellim foi chamado para falar como testemunha do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Quando foi chamado nesta terça-feira, o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, avisou da condição do delegado e pediu que ele fosse ouvido como investigado, com o direito a não responder perguntas que pudessem incriminá-lo.
O ministro do STF Alexandre de Moraes, que conduziu o depoimento, acatou o pedido de Gonet para que Pellim não produzisse provas contra si mesmo. Ao ter o direito de fala, o delegado, então, relatou a surpresa. “Eu fui ouvido como depoente e desconheço qualquer investigação contra minha pessoa”, declarou. Em seguida, Moraes relatou que a investigação não foi concluída pela Polícia Federal, mas Pellim foi citado em depoimentos.
O delegado foi indicado para depor pela defesa de Anderson Torres no âmbito da ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. O caso envolve, também, a operação da PRF para supostamente dificultar a ida de eleitores às urnas em algumas regiões do país, com o objetivo de beneficiar o então ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e prejudicar o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na época das eleições, Pellim era chefe da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF. No depoimento, ele confirmou que houve reuniões no Ministério da Justiça para tratar sobre questões eleitorais. “Não lembro a data, mas imagino que entre o primeiro e o segundo turno”, disse.
A orientação, de acordo com ele, era para “manter o policiamento ostensivo nas eleições, que é uma pauta preventiva, usar o máximo de efetivo possível e não baixar a guarda para o segundo turno, porque os números de crimes no primeiro turno tinham sido inferiores em relação às eleições anteriores”.
Houve uma ordem para colocar “o máximo de efetivo nas ruas” e para que a PF contasse com o apoio da PRF onde não conseguisse chegar. Questionado se Torres pediu um policiamento “direcionado” politicamente, o delegado negou. “Que eu tenha presenciado, nenhuma orientação nesse sentido”.
Pellim também declarou “desconhecer” qualquer “plano insidioso” nas operações das forças de segurança e que “não se recorda de ter presenciado nada no sentido” de uma ordem do então ministro da Justiça que demonstrasse gesto ou apoio a Bolsonaro. Declarações semelhantes foram dadas pelo ex-diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, que depôs antes dele.
Depoimentos
Caio Rodrigo Pellim deu as declarações em depoimento na ação que apura o suposto plano de golpe de Estado que visava manter Bolsonaro no poder após a derrota em 2022 para Lula.
A Primeira Turma do STF ouviu nesta terça-feira testemunhas de defesa de Anderson Torres, que era o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal em 8 de janeiro e havia sido ministro da Justiça no governo Bolsonaro.
Os depoimentos foram prestados ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo na Corte. Entre as outras testemunhas indicadas pela defesa de Torres, estão delegados da Polícia Federal (PF) e ex-integrantes da Secretaria de Segurança Pública do DF, como a coronel Cíntia Queiroz de Castro, subsecretária de Operações Integradas da pasta, responsável operacional pelos protocolos de ações dos órgãos de segurança.
Outros nomes indicados por Torres são os de Alessandro Moretti e Saulo Moura da Cunha, ex-diretores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e os delegados Djairlon Henrique Moura e Leo Garrido de Salles.
Até agora, o STF ouviu testemunhas de acusação indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), além de testemunhas de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens), Walter Souza Braga Netto (general, vice na chapa de Bolsonaro), Alexandre Ramagem (deputado federal, PL-RJ); Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional).
Torres foi preso em 14 de janeiro de 2023, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Quatro meses depois, ele foi solto e, desde então, é monitorado por tornozeleira eletrônica.