BATE-BOCA

Lula liga para Marina após ataques no Senado: 'Saio mais fortalecida', diz ministra

Senador Marcos Rogério hostilizou Marina Silva, enquanto senador Plínio Valério disse que não respeitava a ministra

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 27 de maio de 2025 | 18:06

BRASÍLIA - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira (27) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou para ela após os ataques sofridos pela ministra durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado para debater unidades de conservação marinha na Margem Equatorial do Amapá. 

Questionada, Marina Silva negou que tenha faltado apoio da base governista durante a audiência no Senado. “O presidente Lula fez questão de ligar para mim”, disse Marina, durante a entrevista. “E ele fez questão de dizer: ‘ei a me sentir melhor depois que você tomou a decisão de se retirar daquela comissão. Você fez o que era certo, de não tolerar desrespeito”. 

O presidente despachou nesta terça-feira do Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília, onde se recupera de um quadro de labirintite.

Em entrevista à Globonews, a ministra também avaliou que sai "mais fortalecida" desse episódio, apesar de ter se sentido agredida. “Eu saí dali mais fortalecida. Eles não conseguiram me intimidar”, disse. “Ninguém vai dizer qual é o meu lugar”.

Entenda a discussão

Em certo momento, Marina Silva discutia com o senador Omar Aziz (PSD-AM). Os dois chegaram a bater boca fora do microfone sobre a aprovação do PL do novo licenciamento ambiental, quando Marcos Rogério, que preside a comissão, tentou interromper o debate.

Marina se incomodou com a postura de Rogério e seguiu falando fora do microfone, quando o senador ironizou: “Essa é a educação da ministra Marina Silva. Mas não vou me intimidar, não.”

“O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou”, respondeu Marina. Em seguida, Marcos Rogério retrucou: “Agora é sexismo, ministra? Me respeite. Se ponha no teu lugar”, provocando reações de parlamentares da base do governo, como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

Neste momento, começou um bate-boca generalizado na sala da comissão. “Ponha-se o senhor. Desrespeito com a ministra”, disse Eliziane. “Se vossa excelência está me chamando de sexista, não sou sexista. Vossa excelência veio a essa comissão para tumultuar”, complementou Rogério.

Em sua fala, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que “a mulher merece respeito, a ministra não”. Marina Silva exigiu um pedido de desculpas e, como não foi atendida, retirou-se da audiência. Ela lembrou ainda que o senador, em outra ocasião, chegou a falar em "enforcá-la".

"Sou ministra de Meio Ambiente, foi nessa condição que eu fui convidada e ouvir um senador dizer que não me respeita como ministra, eu não poderia ter outra atitude", disse Marina Silva, em coletiva após a audiência.