BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca, na noite deste sábado (22), para uma viagem de sete dias ao Japão e ao Vietnã. Desta vez, em vez do “aerolula”, o petista e a comitiva, que inclui dezenas de políticos, viajarão no KC-30, o maior avião da frota da Força Aérea Brasileira (FAB), com autonomia de voo de até 12 horas.
Em setembro de 2023, a aeronave Airbus A319CJ (VC-1), conhecida como “aerolula”, apresentou uma pane. Na ocasião, Lula e a comitiva haviam embarcado na aeronave na Cidade do México após participarem da posse da nova presidente eleita, Claudia Sheinbaum. O avião precisou retornar ao Aeroporto da capital do México.
Antes de pousar novamente, a aeronave realizou 50 voltas no espaço aéreo mexicano. A manobra, que durou cerca de cinco horas, foi necessária para liberar combustível e reduzir o peso do avião. Durante esse período, o VC-1 permaneceu voando em círculos a uma altitude média de 3,8 mil metros antes de pousar em segurança.
O Airbus A319CJ tem 35,8 metros de envergadura e 33,84 metros de comprimento. Diferente das aeronaves comerciais convencionais, o “aerolula” é dividido em três áreas: a parte frontal conta com dez poltronas para autoridades, seguida por uma sala de reuniões e, na parte traseira, assentos para os demais ageiros e uma cama.
O “Aerolula” foi adquirido por Lula em seu primeiro mandato, em 2004. Já o KC-30, que será utilizado na viagem ao Japão e ao Vietnã, foi comprado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) por US$ 80 milhões. A FAB possui duas aeronaves desse modelo, que já foram utilizadas em missões como a repatriação de brasileiros no Líbano e em Israel, além do envio de ajuda ao Rio Grande do Sul.
O KC-30 é o maior avião já operado pela FAB, com 59 metros de comprimento, capacidade para transportar até 238 ageiros, 45 toneladas de carga e um alcance de 14,5 mil quilômetros. O modelo foi adaptado pela indústria aeronáutica brasileira para realizar missões de reabastecimento em voo, transporte aéreo logístico (cargas e ageiros) e ajuda humanitária.
Após a pane no México, Lula e diversas autoridades do governo discutiram a necessidade de comprar outra aeronave com mais capacidade de autonomia ou adaptar uma das duas aeronaves KC-30 da FAB. No entanto, as conversas ficaram em banho-maria após a repercussão negativa.
Agenda no Japão
O presidente Lula e sua comitiva partem neste sábado, às 21h, para uma primeira escala em Houston, nos Estados Unidos. O presidente desembarca em Tóquio, no Japão, na próxima segunda-feira (24) e fica no país até quinta-feira (27). Esta é a quinta vez que Lula visita o país, contando seus três mandatos.
No país, ele será recebido pelo imperador japonês, Naruhito, e terá uma reunião de trabalho com o primeiro-ministro, Shigeru Ishiba. Também está previsto um evento empresarial realizado pelo Itamaraty em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com participação de 500 empresários de setores como alimentos, agronegócio, aeroespacial, bebidas, energia, logística e siderurgia.
Segundo o Itamaraty, há previsão de de atos nas áreas de ciência e tecnologia, combustíveis, educação e pesca, entre outros, nos âmbito dos setores público e privado. Em 2024, os dois países registraram intercâmbio comercial de US$11 bilhões, com superávit brasileiro de US$146,8 milhões.
Brasil e Japão completam 130 anos de relações diplomáticas em 2025. O Brasil conta com a maior população nipodescendente fora do Japão, estimada em mais de 2 milhões de pessoas, enquanto o Japão abriga a quinta maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 211 mil pessoas.
Ida ao Vietnã
Na quinta-feira, Lula segue para o Vietnã, onde ficará até o próximo sábado (29). É a segunda vez que ele visita o país. Estão previstos encontros com o presidente vietnamita, Luong Cuong, e o primeiro-ministro, Pham Minh Chinh. Segundo o Itamaraty, o intuito é estreitar a “parceria estratégica” entre as duas nações.
Em 2024, os países registraram intercâmbio comercial de US$7,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$415 milhões. O Vietnã é o quinto destino global das exportações do agronegócio brasileiro.