GOVERNO

Lula justifica demissão de Nísia: ‘Estou precisando de mais agressividade na política’  8v1

Presidente disse ainda que quer concluir reforma ministerial após o Carnaval 5s406x

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 27 de fevereiro de 2025 | 17:39
 
 
Nesta quinta-feira, Lula disse que precisa de mais "agressividade" ao falar sobre a demissão de Nísia Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (27) que a ex-ministra da Saúde Nísia Trindade é sua “amiga pessoal”, “companheira da mais alta qualidade”, mas que o governo precisa de mais “agressividade”. A declaração foi dada durante entrevista à TV Record Litoral e Vale, em Santos. 

"A Nísia é uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade na política, que o governo tem que aplicar mais agilidade, mais rapidez e, por isso, estou fazendo algumas trocas", disse. 

Lula demitiu Nísia Trindade, na última terça-feira (25), depois de um processo de fritura. A pasta será assumida por Alexandre Padilha, atual ministro de Relações Institucionais. Em entrevista na quarta-feira (26), Nísia Trindade afirmou que, ao demiti-la, Lula defendeu uma "mudança de perfil" no Ministério da Saúde. A ex-ministra Nísia Trindade destacou também que demissão não depõe contra trabalho dela. 

Na entrevista, o presidente disse ainda esperar concluir, logo após o feriado de Carnaval, a reforma ministerial que está fazendo com o objetivo de ampliar espaço para aliados e melhorar a popularidade do governo. Ele voltou a dizer que já decidiu quem vai ocupar a Secretaria de Relações Institucionais, com a saída de Padilha, mas que só vai anunciar após comunicar a pessoa. 

Lula defende PEC da Segurança Pública 3475p

O presidente Lula também comentou sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e defendeu a importância da medida para que o papel do governo federal seja mais claro e possa contribuir de modo mais efetivo no combate ao crime organizado. O petista afirmou que é preciso ampliar as parcerias entre as forças federais, estaduais e municipais. 

“Essa PEC quer envolver o governo federal, o governo estadual e as prefeituras, porque as prefeituras podem ter na polícia municipal uma ação também de combater o crime. Se a gente estabelecer uma regra em que a polícia do Estado trabalhe junto com a polícia do governo federal, tanto com a Guarda Nacional, quanto com a Polícia Rodoviária Federal, quanto com a Polícia Federal, a gente vai ter o dobro de força para combater o crime organizado”, ressaltou. 

“Essa PEC vai ser votada no Congresso Nacional e nós queremos definir qual é o papel do governo federal. Onde é que entra a Polícia Federal? Onde é que a gente pode participar junto com o Estado?”, destacou o presidente. 

Na quarta-feira (26), o Ministério da Justiça e Segurança Pública apresentou uma nova versão da proposta da PEC da Segurança Pública, para incluir expressamente as Guardas Municipais no rol dos órgãos de segurança pública. Com isso, o papel dessas corporações no policiamento ostensivo e comunitário será formalizado. 

A proposta é bastante criticada por governadores de oposição como Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás), que temem que o texto traga uma ingerência do governo federal sobre as polícias estaduais, com aumento de poder da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF), além da divisão do Fundo Nacional de Segurança Pública.

Lula rebateu e disse que a intenção da PEC não é reduzir o papel dos governadores na questão da segurança.

“A gente não quer ocupar o lugar do governador. A gente quer contribuir com o governo federal não apenas ando dinheiro. A gente quer contribuir com forças efetivas para a gente poder enfrentar o crime organizado”, concluiu Lula. 

A PEC da Segurança Pública ainda não foi enviada ao Congresso e está em análise pela Casa Civil.

“O crime organizado hoje é uma indústria. Não é um bandido comum. É uma indústria que inclusive tem braço no Judiciário, tem braço no futebol, tem braço na política, tem braço no exterior. Eu espero que o Congresso Nacional aplauda essa PEC para que a gente possa fazer uma revolução na segurança brasileira e dar tranquilidade ao povo brasileiro", disse. 
 
Lula esteve em Santos, no litoral de São Paulo, nesta quinta-feira, onde anunciou o lançamento do edital para construção de um túnel submerso ligando Santos ao Guarujá.