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Reforma ministerial será um dos principais temas do governo Lula no início de 2025
Cauteloso, presidente deve aguardar as eleições para a Câmara e o Senado para fazer trocas em sua equipe
BRASÍLIA - A reunião ministerial organizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 19 de dezembro foi possivelmente a última de alguns de seus ministros. Em Brasília, é esperada uma reforma na Esplanada dos Ministérios para os primeiros meses de 2025.
O assunto está longe de ser novidade no atual governo. Em 2023, Lula já teve de promover algumas mudanças em sua equipe. Agora, desde as eleições municipais, que evidenciaram a força e a capilaridade de partidos de centro e de centro-direita, já se comenta nos bastidores sobre novas alterações.
No entanto, é do feitio do presidente abordar o assunto sem pressa e com cautela, ouvir seus auxiliares e decidir apenas quando considerar o momento mais adequado – frequentemente testando a paciência de aliados. Desta vez, Lula quer esperar, sobretudo, as eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, no início de fevereiro.
Os prováveis vencedores nas duas disputas serão: o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), representantes de siglas que se alinham à centro-direita. Além disso, parlamentares de oposição ao governo Lula podem assumir cargos de lideranças em bancadas importantes do Congresso.
Por isso, um dos principais objetivos da reforma ministerial é contornar possíveis dificuldades que o Planalto venha a ter com a nova configuração. Pela segunda vez em pouco mais de dois anos, Lula deve usar as mudanças nos ministérios para tentar ampliar sua base no Parlamento.
Mas em alguns casos, a troca será apenas um desvio de rota, em áreas com as quais o presidente não está contente. No momento, a principal delas é a Secretaria de Comunicação (Secom), chefiada pelo petista Paulo Pimenta.
Lula já fez críticas abertas à comunicação do governo, apontada por alguns aliados como o pincipal ponto fraco da gestão. A mudança é dada como certa e o favorito a assumir a pasta é o marqueteiro Sidônio Palmeira, que coordenou a campanha de Lula nas eleições de 2022.
Porém, o petista não quer deixar Pimenta “desamparado” e estuda realocá-lo em outra pasta, como a Secretaria-Geral da Presidência, comandada pelo também petista Márcio Macêdo. Outra hipótese é o atual chefe da Secom reassumir seu mandato como deputado federal e se tornar o próximo a líder do governo na Câmara.
O ministro da Defesa, José Múcio, também pode estar de saída. Em recentes reuniões com o presidente da República, ele sinalizou que estaria com vontade de deixar o cargo e afirmou ter cumprido sua “missão”. Um dos cotados para a vaga é o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Alckmin, no entanto, é o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Caso a pasta fique vacante, seria a oportunidade de Lula alocar um representante de partidos do centro à direita. Já se especula, por exemplo, o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Lula lidou com ‘saias-justas’ em 2024
O presidente Lula fez apenas duas trocas de ministros ao longo de 2024. Em janeiro, nomeou Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, após Flávio Dino assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF).
Já em setembro, lidou com uma das situações mais delicadas de seu governo, quando demitiu o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, por acusação de assédio sexual. Uma das vítimas foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Ela disse à PF que as "abordagens inadequadas" começaram ainda no período de transição de governo, antes da posse presidencial. Depois, a situação foi escalando até chegar ao ponto de haver importunação física. Almeida nega as acusações e afirma que o caso se trata de “denunciação caluniosa”.
Lula ainda teve de contornar a crise entre Alexandre Padilha, responsável pela articulação política, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que cortou relações publicamente com o ministro, a quem classificou como um “desafeto pessoal”. Mesmo pressionado, o presidente manteve o aliado no cargo.
Já no fim do ano, Lula precisou negociar com diferentes ministros, como Nísia Trindade (Saúde), Camilo Santana (Educação), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Luiz Marinho (Trabalho) e Carlos Lupi (Previdência Social), o pacote fiscal para cortar gastos do chefe da equipe econômica, Fernando Haddad.
Todos tentaram, ao menos, minimizar os efeitos das medidas sob suas pastas e dois deles - Marinho e Lupi - ameaçaram pedir demissão caso se sentissem prejudicados. No fim, o pacote apresentado foi considerado insuficiente pelo mercado financeiro para sanar as contas do governo.