BRASÍLIA - Em reunião ministerial nesta sexta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu pacificação com o mercado financeiro, após tumultuada semana na economia, e fez acenos ao futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
O presidente se reuniu nesta sexta-feira com ministros de todas as 39 pastas do governo, além de presidentes de bancos públicos, no Palácio da Alvorada, em Brasília. Este é o primeiro compromisso do petista desde que retornou a Brasília após fazer dois procedimentos na cabeça, em São Paulo.
Segundo interlocutores, durante a reunião, o presidente disse que, com Galípolo, aprendeu a não brigar com o mercado financeiro, mas a tratar com jeitinho. Lula teria ainda criticado o atual patamar de juros, mas não citou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o que foi visto como um sinal.
Na ocasião, Lula ainda gravou um vídeo ao lado do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em que destaca a autonomia do órgão. Lula fez questão também de prometer que "jamais haverá interferência" na gestão do futuro chefe do Banco Central.
"E eu quero dizer que você certamente será o mais importante presidente do Banco Central que esse país já teve porque você vai ser o presidente com mais autonomia", destacou.
"Eu quero que você saiba que jamais, jamais haverá da parte da presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central", acrescentou o petista.
No vídeo, Lula e Galípolo estão ao lado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento).
Como Galípolo foi indicado por Lula para comandar o Banco Central entre 2025 e 2028, o mercado teme interferência do governo na gestão dele. No vídeo, em recado ao mercado, Lula chamou o novo presidente do Banco Central de ‘presente’ e aproveitou para reafirmar compromisso com a estabilidade econômica e o controle à inflação.
“Hoje estamos oferecendo um presente, uma novidade ao Brasil. Esse jovem chamado Galípolo está assumindo a presidência do Banco Central. E eu queria dizer ao Galípolo que seguimos mais convictos que nunca que a estabilidade econômica e o controle à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário mínimo e o poder de compra das famílias brasileiras”, disse.
Desde que assumiu o governo, em 2023, Lula tem criticado publicamente o trabalho do atual presidente, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O principal ponto de discordância é em relação ao patamar da taxa Selic, que chegou a 12,25% ao ano.