INDISPOSIÇÃO

Alcolumbre dá bronca em Plínio Valério por declaração sobre 'enforcar' Marina Silva, senador rebate

Senador Plínio Valério criticou bronca pública do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre: 'deveria ter conversado comigo antes, pegou mal para cac...'

Por Lara Alves e Lucyenne Landim
Publicado em 19 de março de 2025 | 19:04

BRASÍLIA — A declaração do senador Plínio Valério (PSD-AM) indicando a intenção de enforcar a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, gerou indisposição no plenário do Senado Federal, e o presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (PSD-AM), reagiu à posição do colega com uma bronca no início da sessão de quarta-feira (19).

“O senador não poderia, em um evento, dizer que acompanhou uma audiência pública de uma ministra de Estado por seis horas e que não sabia onde estava que não a enforcou”, disparou. “Fui cobrado hoje e precisava fazer essa manifestação. Acho que meu querido colega precisa até mesmo se justificar”, acrescentou.

A cobrança de Alcolumbre reverberou no plenário, e Plínio Valério reagiu à declaração rebatendo o presidente do Congresso e acentuando o clima ruim no Senado. Contestando as críticas que o taxaram de “machista”, Valério contra-atacou e disse que a posição de Alcolumbre “pegou mal para cac…”.

“Vi com tristeza o senhor se manifestando sobre o episódio sem conversar comigo primeiro”, pontuou. “A ministra foi à I das ONGs no ano ado, e durante 6h10 a tratei com educação por ser mulher, por ser ministra, por ser negra, por ser frágil… Foi tratada com delicadeza. Ela sabe bem disso”, começou. 

“Milhares de amazonenses morreram na pandemia porque não chegou oxigênio pela BR-319. Pelas tantas, na sessão, ela disse que não liberaria a estrada”, explicou. “Depois, fui receber uma medalha, e na brincadeira disse: 'imagina o ficar com a Marina por 6h10 sem ter vontade de enforcá-la. Todo mundo riu. Eu ri. Eu faria de novo? Não. Mas, não me arrependo”, concluiu, declarando que não se excedeu na declaração sobre a ministra. 

O que aconteceu?

A declaração polêmica de Plínio Valério ocorreu na última sexta-feira (14) durante evento da Fecomércio, no Amazonas. Ele se referia ao depoimento que a ministra prestou à Comissão Parlamentar de Inquérito (I) que investigou, em 2023, a atuação de ONGs na Amazônia. “A Marina esteve na I das ONGs por 6h10. Imagine o que é tolerar a Marina por seis horas sem enforcá-la”, disse no microfone. A posição arrancou risadas dos presentes. 

Ministra reagiu à declaração do senador: “psicopata”

Nesta quarta-feira, a ministra Marina silva reagiu à fala de Plínio Valério. “Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros, ou ameaça os outros de brincadeira e rindo… Só os psicopatas são capazes disso”, declarou. 

Marina se manifestou em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A ministra atribuiu a fala a um ato de violência política de gênero. 

“Fico imaginando alguém que é ministra do Meio Ambiente, alguém que de certa forma é conhecida dentro e fora do país, ter que ouvir uma coisa dessa de alguém incitando a violência por discordar de alguém. Porque isso é uma forma de incitar a violência contra uma mulher. Dificilmente, talvez, isso fosse dito se o debate fosse com um homem”, disse.  

A ministra continuou: “É dito porque é com uma mulher, uma mulher preta, de origem humilde e uma mulher que tem uma agenda que, em muitos momentos, confronta os interesses de alguns que, no meu entendimento, deveriam ficar no espaço da divergência política, e não no incentivo à violência”.