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Derrota em vetos expõe fragilidades da base de Lula no Congresso
Mesmo contemplando o Centrão com cargos e emendas robustas, governo encontra dificuldades em pautas sensíveis

BRASÍLIA. A sessão do Congresso Nacional que impôs derrotas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última terça-feira (29), refletiu as dificuldades que o Palácio do Planalto encontra, desde o ano ado, para controlar a própria base aliada em temas sensíveis que fogem à pauta econômica.
Logo no início do governo, partidos do chamado Centrão, como União Brasil, PP e Republicanos, foram pouco a pouco ganhando espaço na Esplanada dos Ministérios e, assim, influência na istração federal. Ao mesmo tempo, parlamentares desse núcleo são contemplados com a liberação de emendas parlamentares.
Ainda assim, pautas como a saída temporária de presos aos feriados e a criminalização das fake news retratam a insuficiência do esforço do governo para se aproximar dessa base. Outro exemplo é a aprovação, pela Câmara, de um projeto que proíbe invasores de terra de receberem benefícios sociais, com mira voltada para o MST.
“Aqui, tudo a gente vota como se fosse um Deus nos acuda. Todos sabemos que matéria econômica tramita de um jeito, matéria, genericamente de costumes tramita de outro. Quando me perguntam ‘qual é a base?’, depende do tema”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), nesta quarta-feira (29).
Até mesmo na pauta econômica, onde o governo acumula mais triunfos do que reveses, nem sempre o resultado é positivo. Na desoneração das folhas de pagamento, o Ministério da Fazenda teve de ceder a pleitos do Congresso, assim como na taxação das compras internacionais online de até US$ 50.
O incômodo chega até mesmo a parlamentares dos partidos de esquerda que são sempre fiéis ao Planalto. A reclamação é que, em muitos momentos, deputados “infiéis”, que impõem derrotas ao governo, recebem melhor tratamento do que aqueles que sempre fecham com Lula.
Após as derrotas na sessão do Congresso, lideranças governistas no parlamento reconheceram a necessidade de rever estratégias.
“O balanço é que a gente precisa melhorar a nossa organização nesses processos governo e Legislativo. Uma sistemática de acompanhamento mais próxima entre o governo primeiro com os líderes, depois com outros parlamentares. [...] Por exemplo: tem uma semana de vetos. Tem que sentar todo mundo, é preciso saber quem conduziu a negociação lá embaixo”, apontou Jaques Wagner.
Segundo o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), foi decidido que toda segunda-feira, será feita uma reunião ordinária entre ele, Lula, Jaques Wagner, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que cuida da articulação política. O encontro semanal já ocorria, mas sem o presidente.
Novo governo, nova realidade
O principal desafio de Lula na articulação política ainda é se adaptar a uma nova configuração política. De 2010, quando deixou a presidência, a 2023, quando reassumiu, o Centrão conquistou espaço e protagonismo nas decisões do Congresso, sobretudo na Câmara dos Deputados.
Com um Orçamento a cada ano mais engessado pelas emendas e parlamentares mais empoderados pelo montante que obrigatoriamente devem receber, o Planalto vê limitado seu poder de pautar as discussões.