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Republicanos apresenta Hugo Motta como candidato à presidência da Câmara após apoio público de Lira
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), manifestou publicamente, pela primeira vez, apoio à candidatura de Hugo Motta como seu sucessor
BRASÍLIA — O Republicanos oficializou, no início da tarde desta terça-feira (29), a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) à Presidência da Câmara dos Deputados. O anúncio foi feito pelo presidente nacional do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira (SP), que há dois meses desistiu de concorrer ao pleito em prol do correligionário.
A candidatura de Hugo Motta foi oficializada logo após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), declarar apoio ao parlamentar. Também disputam o posto os deputados Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA), que, após não receberem o apoio de Lira, se uniram como aliados na corrida. A definição sobre quem liderará a chapa ainda está pendente.
A sigla trata Motta como o "nome capaz de agregar todas as forças políticas da Câmara dos Deputados", segundo nota lida pelo presidente Marcos Pereira. Esse mesmo consenso citado pelo Republicanos é o que busca Arthur Lira para manter a força política construída em seus quatro anos na presidência da Câmara.
O tom adotado por Motta, Lira e pela bancada do Republicanos é idêntico: eles repetem que desejam a união dos partidos para fortalecimento da Câmara dos Deputados. "Temos reforçado sempre nossa disposição de construir a convergência, um ambiente de equilíbrio. Acreditamos que é o que acontecerá até o final desse processo", afirmou Hugo Motta.
Com a manifestação de Lira e do Republicanos, Motta dá continuidade às articulações pelos apoios das antagônicas bancadas de PT e PL e terá como principal ime o projeto que prevê anistia aos presos pelos atos do 8 de Janeiro — e que poderia levar à anistia política de Jair Bolsonaro (PL).
Descartados a priori pelo PL, Brito e Nascimento tentarão, ainda nos próximos dias, angariar o apoio do PT na construção de uma chapa da situação em oposição à de Hugo Motta. Questionado sobre o tema, Motta defendeu que o PL da Anistia não seja usado como moeda de troca.
"Misturar um tema tão importante e complexo com a eleição para a mesa diretora não é justo", afirmou. "Sempre tenho defendido o equilíbrio, o distensionamento e a convergência. Teremos a cautela necessária para conduzir essas matérias", acrescentou. Motta evitou uma resposta assertiva sobre o assunto.
Ele disse ainda que é importante debater o PL da Anistia e corrigir "injustiças" cometidas contra pessoas que participaram dos atos do 8 de janeiro. Entretanto, Motta também classificou os ataques como "triste episódio de agressão às instituições democráticas do país" e disse ser necessário á-los a limpo.
Reviravoltas antecederam a indicação de Lira
Elmar foi tratado como o nome de Lira à presidência até setembro. Em seu segundo mandato, o atual presidente não pode se reeleger e articulava nos bastidores para garantir que seu escolhido fosse eleito e para manter a força política que exerce sobre as bancadas.
Lira indicou, no início deste segundo semestre, que tornaria público seu apoio até 31 de agosto. Mas, descumpriu o que havia dito e, depois de reuniões e encontros, optou pelo silêncio e por adiar a definição.
Ele foi o único a permanecer calado. No início de setembro, o então candidato à presidência da Câmara e presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), decidiu abandonar a disputa e lançar Motta em seu lugar. O gesto bagunçou o tabuleiro e arrancou de Elmar Nascimento a condição de favorito.
Nos bastidores, Motta é o favorito do presidente do PP de Arthur Lira, Ciro Nogueira (PI), e também era bem-visto pelo líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e até pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os votos do PL são tratados como primordiais para a definição da disputa porque esses deputados têm a maior bancada da Câmara — eles são 92 entre os 513. O apoio do partido a Hugo Motta ará por uma garantia de que ele irá pautar para votação o PL da Anistia.
Essa proposta encontra, entretanto, resistência entre os partidos governistas. E a Motta pode não ser interessante romper com o Planalto, pelo menos não de imediato. O abandono de Lira impactou na condução da candidatura de Elmar.
Declarado abertamente apoiador de Bolsonaro e contrário a Lula, o deputado do União Brasil procurou o Planalto nos últimos meses para minimizar a rejeição à própria candidatura.
Foram encontros com os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Celso Sabino e Juscelino Filho — os dois últimos são deputados do União Brasil que se afastaram de seus cargos para ocupar os ministérios do Turismo e das Comunicações de Lula.
Para ressuscitar a candidatura, Elmar foi além e se uniu ao também candidato Antonio Brito, que é um nome querido pelos governistas. Eles acordaram que o nome com mais consenso entre eles permanecerá como candidato na disputa, e o outro desistirá. Nesse acordo estão previstas ainda trocas de favores e de cargos: um partido garante ao outro um lugar na mesa diretora da Câmara dos Deputados.