INVESTIGAÇÃO

Ex-subsecretário do Governo de MG é alvo de operação contra grupo de extermínio de autoridades

Coronel da reserva Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas é investigado pela morte do advogado Roberto Zampieri, conhecido como ‘lobista dos tribunais’


Atualizado em 29 de maio de 2025 | 13:08

O ex-subsecretário de Integração de Segurança Pública do Governo de Minas Gerais e coronel da reserva do Exército Brasileiro, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, é um dos alvos da investigação sobre uma suposta organização especializada em espionagem contra autoridades e assassinatos sob encomenda. Na 7ª fase da Operação Sisamnes, desencadeada nessa quarta-feira (28 de maio), agentes foram atrás dos possíveis mandantes do assassinato de Roberto Zampieri. Vargas já havia sido preso em 2024 por suspeita de envolvimento no caso. A defesa do suspeito informou que, nas buscas feitas pela Polícia Federal em Belo Horizonte, ainda não teriam sido encontrados elementos ilícitos relacionados ao acusado.

A investigação entorno do assassinato do advogado, executado com 10 tiros em frente ao escritório em Cuiabá (MT) em 2023, levou os policiais a um grupo acusado de negociar compra e venda de sentenças judiciais em diferentes tribunais. Investigadores também descobriram que os possíveis assassinos faziam espionagem e atuavam como grupo de extermínio, com pistoleiros profissionais.

O grupo criminoso se autodenominava Comando C4, ou Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos, ainda segundo investigação da PF. O nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD) está na lista de alvos do grupo que foi descoberto pela operação.

Etevaldo Caçadini de Vargas seria financiador do assassinato de Zampieri. Ele teria pago um sinal de R$ 20 mil pelo crime. Em depoimento, o militar reformado disse que o pistoleiro foi apresentado a ele como pedreiro e negou envolvimento na execução.

Vargas foi nomeado, em janeiro de 2019, para chefiar a Subsecretaria de Integração de Segurança Pública do governo de Minas Gerais, mas foi exonerado em setembro do mesmo ano a pedido próprio. Em 2022, ele recebeu o título de Cidadania Honorária pela Câmara Municipal de Belo Horizonte.

A reportagem de O TEMPO procurou o Governo de Minas para comentar a investigação sobre o ex-subsecretário. Tão logo haja um retorno, esta reportagem será atualizada. O espaço segue aberto.

A defesa de Etevaldo Caçadini de Vargas, representada pelo escritório Sarah Quinetti Advocacia Criminal, informou estar acompanhando as diligências realizadas pela Polífica Federal no âmbito da operação.

"Ressaltamos que, até o momento, não foi encontrado qualquer elemento ilícito relacionado aos acusados nas buscas realizadas na capital mineira", diz em nota encaminhada à imprensa. "Reiteramos nossa confiança nas instituições brasileiras e no trabalho responsável das autoridades competentes, bem como reafirmamos nossa convicção na inocência dos nossos constituídos."

O escritório ainda esclareceu que mensagens encontradas no celular do coronel teriam levado à linha investigação sobre a morte do advogado tendo ele como suspeito. Entretanto, Etevaldo não teria "qualquer vínculo com os supostos ataques ou com qualquer organização voltada à 'caça de ministros' ou a ameaças contra autoridades".

Além de Etevaldo, o escritório também representa outra suspeita monitorada pelas autoridades.