COM EMBARGOS COMERCIAIS

Carta a Lula pede fim de relações do Brasil com Israel

Documento organizado pela entidade BDS solicita que Brasil interrompa relações diplomáticas e comerciais com o Estado israelense e implemente embargos


Publicado em 28 de maio de 2025 | 17:43

Personalidades como Chico Buarque, Carol Proner, Manuela D'Ávila e Francisco Rezek enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (28) pedindo o rompimento de relações diplomáticas e comerciais do Brasil com Israel. O documento, organizado pela entidade Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), também solicita a implementação de embargos militar e energético contra o governo de Tel Aviv.

A carta já reúne 113 s individuais, além de seis partidos políticos, sete entidades sindicais, 29 organizações árabes e palestinas e 89 organizações da sociedade civil brasileira. Os organizadores informam que o documento permanece aberto para novas adesões.

No texto, os signatários reconhecem os pronunciamentos do presidente brasileiro contra as ações militares em Gaza, mas argumentam que medidas mais concretas são necessárias. "É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense, rompendo relações diplomáticas e comerciais com o estado sionista de Israel", afirma o documento.

Os autores da carta destacam que, apesar das declarações oficiais do governo brasileiro, o país mantém relações comerciais com Israel. "Sem embargo, o Brasil segue exportando petróleo e negociando compra e venda de equipamentos militares com o Estado israelense e suas empresas", diz trecho do documento.

A justificativa para o pedido inclui acusações de que "Israel viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU". Segundo o texto, as sanções representam o "mecanismo adequado e essencial para endereçar a situação".

O documento menciona a situação humanitária em Gaza, citando "a crescente violência imposta pelo estado sionista de Israel aos civis palestinos, a violação do frágil acordo de cessar-fogo, o bloqueio desumano e cruel que ameaça a vida de 2,3 milhões de pessoas em Gaza, em especial 14 mil bebês que se encontram em risco iminente de morte, o ataque a diplomatas de diferentes países".

Os signatários esperam que a iniciativa brasileira possa gerar "uma onda necessária para que se encerre essa carnificina e para que os direitos inalienáveis do povo palestino sejam respeitados e garantidos em sua totalidade".

Em resposta à divulgação da carta, a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) publicou uma nota na qual "manifesta profunda preocupação" com o conteúdo do documento. A entidade criticou a ausência de menção aos ataques do Hamas, às mortes causadas pelo grupo e aos reféns que permanecem em Gaza.

"Israel tem o direito inalienável de existir em paz e de se defender de ameaças existenciais, especialmente quando essas ameaças partem de organizações que, publicamente, negam o direito à vida do povo judeu e pregam sua aniquilação", afirma a Fisesp em sua nota. A federação também defende que Israel "é uma democracia plural, comprometida com os direitos de seus cidadãos, judeus, árabes, cristãos, drusos e outros e com os valores que fundamentam o Ocidente democrático".

Entre os signatários da carta também estão Arlene Clemesha, Emir Sader e Erika Hilton. O documento foi enviado de São Paulo para o presidente da República, com divulgação nacional pela Folhapress. Não há informações sobre como o governo brasileiro responderá ao pedido ou se há previsão para análise da solicitação.

Com informações de Folhapress.