Às vésperas da votação em segundo turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) do projeto de lei 2309/2024, que estabelece o reajuste linear de 4,62% dos servidores do Estado, o governo de Romeu Zema (Novo) endureceu o tratamento com parlamentares da base que não têm sido fieis nas votações.
Nesta quarta-feira (5), três servidores ligados à deputada estadual Chiara Biondi (PP) foram exonerados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública após a parlamentar se posicionar contra o governo na votação das emendas da oposição que pretendiam conceder ao funcionalismo 10.67% de recomposição.
Segundo apurou a reportagem, o mal-estar teria começado já logo após a votação, entre Chiara e o líder de governo na Casa, João Magalhães (MDB), por conta do posicionamento da deputada. Questionada sobre seu voto, ela teria argumentado que tinha tido aval do pai, o deputado federal Eros Biondini (PL), para a votação.
Interlocutores do governo na Assembleia garantem que o posicionamento do Executivo tem como objetivo cobrar fidelidade dos deputados da base. A represália a Chiara teria sido um aviso aos demais colegas tendo em vista as últimas votações. Anteontem, a emenda que autorizava o governo a acrescentar mais 5,79% ao reajuste – fazendo com que o índice de reajuste pudesse chegar a 10,67% – ainda no primeiro turno só foi derrotada por uma diferença de quatro votos.
Foram 30 a favor dela (ou seja, contra o governo), e 34 contra a proposta (a favor do governo). Outra proposta, de autoria do deputado Sargento Rodrigues (PL), que previa esse índice apenas para a segurança pública, foi rejeitada por um placar ainda mais apertado, por apenas um voto: 33 votos contra e 32 favoráveis.
Procurada, Chiara nega qualquer mal-estar com João Magalhães, mas afirma ter sido pega como “boi de piranha” e acusa o governo de ter agido em represália às suas convicções. “Infelizmente, devido a um posicionamento meu de valores e princípios, tive uma represália do governo. Me pegaram para cristo como boi de piranha. Não sei se é porque eu sou nova, se sou mulher, se achavam que vão me amedrontar”, afirmou.
Questionada sobre a posição como vice-líder de governo, Chiara diz que ainda vai “conversar” com o governo e se diz assustada com a postura da gestão Zema. “Sempre deixei clara minha parceria com a segurança pública. Não esperava essa atitude do governo. Espero que seja uma crise pontual e que possamos sentar novamente (para conversar), apesar de ser uma atitude grave”, amenizou.
Segundo a deputada, ela tentou falar com representantes do governo, mas não foi atendida. “Tentei contato com o governo, não quiseram me atender. Os bastidores só falam disso, alguns inconformados, alguns chateados”, completa.
A reportagem entrou em contato com o secretário de governo, Gustavo Valadares, e com João Magalhães, mas não obteve retorno até a noite desta quarta-feira.