MISSÃO INTERNACIONAL

Com 7 pessoas, comitiva de Zema para El Salvador será custeada pelo Estado

Pré-candidato à presidência, o governador viajará para o país para avaliar as políticas de segurança pública do regime de exceção de Nayib Bukele

Por Gabriel Ferreira Borges
Atualizado em 24 de maio de 2025 | 19:41

Com ônus para os cofres públicos, a visita do governador Romeu Zema (Novo) a El Salvador, na América Central, para avaliar as políticas de segurança pública do governo Nayib Bukele terá uma comitiva de, ao menos, sete pessoas. Pré-candidato à presidência da República em 2026, o governador irá ao país em missão internacional na próxima semana.  

Zema será acompanhado pelos secretários de Comunicação Social, Bernardo Santos, e de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco. Ambos irão se afastar dos cargos nesta segunda-feira (26 de maio) para integrar a comitiva, formada também pelo superintendente de Relacionamento Nacional e Internacional da Casa Civil, Igor Tameirão, e três integrantes da comunicação.

De acordo com o Decreto 47.045/2020, o valor das diárias para alimentação e hospedagem do governador em viagens na América Central é de US$ 400, ou seja, R$ 2,2 mil, de acordo com a cotação do dólar de sexta (23 de maio). Já o de diárias para secretários é de US$ 350, isto é, R$ 1,9 mil, e para demais servidores, US$ 300, correspondente a R$ 1,7 mil. 

O Aparte questionou ao governo Zema quanto a viagem da comitiva a El Salvador, respaldada pelo Comitê de Orçamento e Finanças (Cofin), custará aos cofres do Estado e qual o interesse público da missão internacional. Até a publicação desta reportagem, o Palácio Tiradentes não se manifestou. Tão logo ele se manifeste, o posicionamento será acrescentado. O espaço segue aberto.        

A missão internacional prevê uma visita ao Centro de Confinamento do Terrorismo, penitenciária de segurança máxima localizada em Tecoluca, no departamento de San Vicente. A prisão é tratada como o símbolo do programa de combate ao crime organizado de Bukele, que leva El Salvador a viver sob um regime de exceção desde 2022, com prisões sem ordens judiciais.

As políticas de segurança pública de Bukele são repreendidas por organismos de defesa aos direitos humanos. Em uma manifestação divulgada logo após a declaração do estado de emergência, a Anistia Internacional apontou que o governo de El Salvador teria patrocinado “milhares de detenções arbitrárias e violações do devido processo legal, além de tortura e maus-tratos”.

Ainda de acordo com a Anistia, os salvadorenhos estariam sendo detidos sem mandado de prisão istrativa ou judicial e sem prisão em flagrante. “Milhares de pessoas estão sendo detidas sem que os requisitos legais sejam cumpridos simplesmente porque as autoridades as consideram identificadas como criminosas nos discursos estigmatizantes do governo do presidente Bukele”, questionou a ONG.

Zema anunciou a viagem a El Salvador na última quinta (22 de maio), ocasião em que se referiu ao programa de segurança pública de Bukele como “talvez o mais bem sucedido da história da humanidade”. “A criminalidade em El Salvador caiu 98% em quatro anos com uma medida muito simples: bandido preso e não bandido na rua”, afirmou ele, em entrevista ao programa Arena Oeste.

O governador citou a viagem ao país da América Central logo depois de criticar a proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A proposta, disse Zema, seria uma tentativa de “dar o mesmo remédio para todo mundo”. “Não sei se tem remédio tão milagroso assim no mundo. Sou favorável a ter essa diversidade (de legislações penais)”, defendeu.

Zema tenta viabilizar uma candidatura à presidência da República em 2026 com acenos ao eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. O governador disputa o espólio eleitoral com outros governadores, como, por exemplo, de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).