O presidente da Funed, Felipe Attiê, afirmou que a privatização da Fundação Ezequiel Dias não está nos planos do governo mineiro e que precisa de ajuda dos parlamentares estaduais para garantir os investimentos necessários para colocar a instituição no patamar desejado por todos. A fala foi feita nesta quarta-feira (9) durante Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
“Não existe essa conversa fiada de privatização. Não tem privatização. Isso é conversa desse sindicato, que é o que mais atrapalha o funcionamento da Funed hoje. O Zema mandou: muda tudo, coloca essa Funed de primeiro mundo, vamos honrar o Estado de Minas Gerais; ele e o vice Mateus Simões”, afirmou.
Attiê, que é ex-deputado estadual e foi indicado ao cargo no segundo mandato de Romeu Zema (Novo), ainda reclamou da postura de deputados estaduais que deixaram a Audiência Pública após os trabalhadores que aguardavam para acompanhar a reunião foram impedidos de entrar no Plenarinho I , onde o debate ocorria. “É um desrespeito esses deputados saírem daqui e me deixarem falando para as paredes”, disse.
O presidente da Funed afirmou que a estrutura da fundação está sucateada e ociosa. Segundo ele, o único medicamento produzido hoje na instituição é a Talidomida, imunossupressor com uso importante para tratamentos de HIV, hanseníase, entre outros, cuja Funed é o único fabricante no país.
“Ainda assim, o ministério pede 5 milhões de comprimidos e nós só conseguimos entregar 2 milhões”, diz Attiê.
Os principais obstáculos para o crescimento e modernização da Funed seriam, na avaliação de Attiê, as limitações impostas ao serviço público para compra de insumos e contratação de pessoal especializado.
"A ideia é ideia é manter o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) e a DPD (Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento) juntos na Funed e tirar o complexo industrial para fora para criar uma empresa pública, pertencente ao Estado, ou um Insituto, uma fundação, igual o Butantan, que é para ter mais agilidade e contratar gente na hora que precisar", informa.
Felipe Attiê destacou que outros laboratórios públicos, como o Butantan e a Fiocruz, recebem investimentos muito maiores e têm estruturas istrativas diferentes da Funed, o que permite que eles consigam contratar mais pessoas e agilizar processos internos.
“Eu perguntei como que eles contratavam lá 3,5 mil funcionários. É feito pela instituição Butantan, que é uma instituição de direito privado, ao contrário da FUned que é de direito público. Mesmo obedecendo à lei de licitações e ao Tribunal de Contas, ela tem agilidade. Está precisando de um técnico, contrata do jeito que quer e paga 30, 40 mil, pois dizem que produzir tecnologia é preciso investimento”, afirmou.
O deputado Lucas Lasmar (Rede), foi o autor do pedido de Audiência e apresentou um levantamento indicando que, desde 2020, a Funed faturou R$ 4,7 bilhões e que não se justifica trabalhar pela privatização, mas sim investir para ampliar os ganhos ao Estado.
“Como que o próprio presidente da Funed tem que implorar para o Secretário da Fazenda liberar recursos, para pedir a Splag a liberação de licitações. O que a gente quer é a autonomia da Funed. Não é um pedido a mais”, afirmou Lasmar.
O plano de Felipe Attiê, conforme mostrado por O TEMPO, é usar parte do recurso do acordo pela tragédia de Brumadinho para transferir o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) para o antigo Hospital Galba Veloso, vizinho à Funed e fechado desde outubro de 2020. Essa transferência ocorreria por meio de uma parceria público-privada.
Também está no horizonte a reabertura da fábrica responsável pela produção dos soros antiescorpiônicos, antibotrópicos e antirrábicos, que está fechada há sete anos para adequações às normas de boas práticas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).