A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou operação contra Viviane Noronha, esposa do cantor MC Poze do Rodo, por suspeita de integrar esquema de lavagem de dinheiro para o Comando Vermelho (CV). A ação ocorre nesta terça-feira (3), um dia após o Tribunal de Justiça fluminense determinar a soltura de Poze, detido desde quinta-feira (29) por suposto envolvimento com a facção criminosa.

A operação busca desarticular um núcleo financeiro responsável pela lavagem de mais de R$ 250 milhões provenientes do tráfico de drogas e aquisição de armamentos. Agentes cumprem mandados de busca e apreensão em endereços no Rio de Janeiro e São Paulo, conforme apurou a Folhapress, que acompanha o desenrolar da operação desde as primeiras horas da manhã.

"O esquema criminoso utilizava pessoas físicas e jurídicas para dissimular a origem ilícita dos valores, promovendo o reinvestimento em fuzis, cocaína e na consolidação do poder territorial da facção em diversas comunidades", informou a Polícia Civil em comunicado oficial.

As investigações apontaram que Viviane e sua empresa seriam beneficiárias diretas de recursos do CV. Os valores chegavam por meio de "laranjas" para esconder a origem ilícita do dinheiro.

Viviane Noronha, conhecida como Vivi, tem três filhos com MC Poze do Rodo. Ela havia organizado uma mobilização contra a prisão do marido e planejava realizar um ato em frente ao presídio de Bangu 3 hoje, local onde o cantor está detido e de onde deve ser liberado no início da tarde.

A operação envolve a Delegacia de Roubos e Furtos, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes e o Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro do Rio. A ação inclui o bloqueio e indisponibilidade de bens e valores de 35 contas bancárias vinculadas ao esquema.

Análises financeiras identificaram depósitos provenientes do tráfico de drogas em contas ligadas à influenciadora. Segundo os investigadores, Viviane teria uma posição simbólica na estrutura criminosa, "conferindo aparente legitimidade a valores oriundos do crime organizado e ampliando o alcance da narcocultura nas redes sociais".

As investigações também identificaram Philip Gregório da Silva, conhecido como Professor, como um dos líderes da cúpula do CV e principal comprador de armas da facção. Ele foi encontrado morto na noite de domingo (1º), com um disparo na cabeça, em aparente suicídio conforme relatado por uma testemunha.

O Professor seria responsável por eventos como o "baile da escolinha", que funcionaria como "ferramenta de dominação cultural e captação de recursos para o tráfico de drogas e armas". A polícia informou que a morte dele não afetará o andamento das investigações.

Um restaurante localizado em frente ao local do "baile da escolinha" está sob investigação por supostamente funcionar como ponto de lavagem de dinheiro. Uma produtora de bailes funk também é investigada pela comercialização de drogas e promoção da narcocultura.

"As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do Comando Vermelho, recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas interpostas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos lucros do tráfico", afirmou a polícia em nota.