PROTOCOLO

Gripe aviária: humanos que tiveram contato com aves na Grande BH serão monitorados

O foco da doença no município foi informado nesta terça-feira (27) pelo governo de Minas Gerais, que decretou emergência sanitária

Por Simon Nascimento
Atualizado em 27 de maio de 2025 | 15:51

Os humanos que tiveram contato com os três animais diagnosticados com gripe aviária em um sítio de Mateus Leme, na Grande BH, serão monitorados por dez dias. A informação é do prefeito da cidade, Renilton Coelho (Republicanos). O foco da doença no município foi informado nesta terça-feira (27) pelo governo de Minas Gerais, que decretou emergência sanitária por 180 dias no estado. 

O vírus causador da influenza aviária infectou dois gansos e um cisne negro. Os animais foram encontrados mortos no dia 16 de maio, quando foi iniciado o protocolo de exames para diagnosticar a doença. De acordo com o prefeito de Mateus Leme, o monitoramento dos humanos será feito por dez dias, de maneira preventiva, em função da possibilidade de contato com as aves. 

"Todas as medidas sanitárias já estão sendo tomadas, quero tranquilizar a população que não existe risco comunitário", disse Coelho. O diretor do Hospital Veterinário do Centro Universitário UniArnaldo de Belo Horizonte, Bruno Divino, explicou que a transmissão da gripe aviária de animais para humanos se dá por aerossóis, ou seja, quando a infecção ocorre por meio de gotículas respiratórias menores suspensas no ar. 

“A gente ouviu muito falar disso na Covid-19. Então, como é um vírus de transmissão respiratória, o vírus da gripe, ele tem a mesma característica. Então, aquelas pessoas que têm o contato mais próximo, aquelas pessoas que geralmente são os tratadores, que lidam diretamente com os animais é que podem ter contato com esse vírus e podem desenvolver a doença”, sinalizou o especialista. 

Divino afirmou que os proprietários de sítio e tratadores de animais devem ficar atentos caso as aves começam a desenvolver sintomas da doença. “Hoje nós temos três grupos de animais que estão em risco: são as aves silvestres e principalmente essas aves migratórias, as aves comerciais, que são essas de granja, e as aves de subsistência que são essas aves criadas nos quintais. E esse é um grupo que preocupa muito em relação à influenza aviária. Então, os moradores têm que prestar atenção em sinais gripais nas aves, caso haja uma parada na alimentação, se as aves ficarem com a barbela arroxeada, as patas arroxeadas. Qualquer um destes sintomas chama muita atenção”, ilustrou. 

Caso sejam identificados alguns sintomas, o veterinário afirmou que é necessário notificar o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para que as aves sejam levadas a um laboratório para realização de exames. 

Risco a humanos 

O diretor do Hospital Veterinário do Centro Universitário UniArnaldo lembrou que a transmissão da doença, de aves para humanos, é difícil de acontecer. No entanto, frisou a importância de atenção a sintomas gripais e respiratórios. “A gente tem que tomar muito cuidado para não gerar pânico, porque  é um vírus que ele evolui, mas ele está numa fase que a transmissão para o humano é ainda difícil, rara. Ainda é uma situação muito inicial”, exemplificou Bruno Divino. 

O veterinário frisou que, no momento, a situação não demanda uma grande preocupação por parte da população. “Há, porém, cuidados específicos no preparo e aquisição desses alimentos. É fundamental que todo alimento, todo produto seja  inspecionado pelo serviço de inspeção municipal, estadual ou federal. Esses produtos, sendo inspecionados, há uma garantia de que realmente eles são saudáveis e são seguros. E outro ponto para reforçar,  é sempre comer os alimentos bem cozidos, bem preparados, porque a temperatura vai ser um dos principais agentes que vão evitar a propagação desse vírus, mas hoje não existe esse risco”, finalizou. 

O caso 

Minas Gerais confirmou, nesta terça-feira (27), um foco de gripe aviária. A identificação ocorreu em três aves ornamentais, em um sítio de Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte. Em função da identificação, o governador Romeu Zema (Novo) decretou emergência sanitária, em edição especial do Diário Oficial. 

"As medidas de monitoramento, as ações preventivas e a análise de riscos da IAAP serão realizadas em cooperação com o setor privado e o poder público, observados os princípios e as diretrizes estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, bem como os protocolos sanitários estabelecidos na legislação vigente", diz o texto publicado pelo chefe do Executivo. O decreto tem validade de 180 dias. 

De acordo com o de monitoramento de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o foco se deu em uma espécie de cisne negro. Em vídeo enviado à imprensa, o vice-governador, Mateus Simões (Novo), disse que o contágio aconteceu pela agem de aves migratórias.

"É um risco que infelizmente acontece. E repito, todas as providências estão sendo tomadas. Todos os recursos físicos, estruturais e financeiros estão já à disposição das nossas autoridades sanitárias e não há qualquer risco no consumo de carne ou de ovos", detalhou Simões. 

No Brasil, são três focos identificados: dois no Rio Grande do Sul e um em Minas. Apenas um dos casos, em Montenegro, no estado gaúcho, se deu em granja comercial. Após a confirmação, mais de 60 países embargaram as exportações de carnes de frango do Brasil.