CONSTRUÇÃO CIVIL

Número de lançamentos imobiliários diminui em BH, mas demanda continua muito alta

Regiões Centro-Sul e Oeste concentram as áreas onde estão os novos empreendimentos na capital mineira

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 28 de maio de 2025 | 17:41

Mesmo com a taxa de juros nas alturas, a demanda por aquisição de imóveis continua muito alta em Belo Horizonte e Nova Lima. De acordo com dados apresentados nesta quarta-feira (28) pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG),  o número de apartamentos novos vendidos superou o de lançamentos pelo quarto trimestre consecutivo. De janeiro a março, foram comercializados 1.087 unidades, diante de 658 lançados. Somados, os novos apartamentos vendidos valem mais de R$ 970 milhões.

O número de lançamentos no primeiro trimestre de 2025 foi 68% menor do que no mesmo período do ano ado, mas este não é um dado necessariamente ruim, já que em 2024 o setor vivia um momento bastante aquecido. 

Ieda Vasconcelos, economista-chefe do Sinduscon-MG, explica por que, neste ano, o setor não conseguiu mais seguir os patamares altos de lançamentos de 2024 e 2023. “vivemos um ambiente de incerteza caracterizado pela taxa de juros. No primeiro trimestre de 2024, tínhamos um momento de redução da Selic, em março a taxa era de 10,75%. Já agora em março de 2025, a Selic estava em 14,25%. Essa taxa alta gera incerteza tanto para o construtor, que precisa de crédito para iniciar um novo processo produtivo, e para o financiamento imobiliário”, explica a economista.

Além da taxa de juros alta inviabilizar o pagamento para os compradores, ela atrapalha o financiamento imobiliário, que depende muito dos recursos da poupança. Quando a Selic está mais alta, boa parte da população opta por deixar suas reservas em fundos de renda fixa, em vez da poupança. Somente neste ano, a poupança já registrou uma retirada líquida de R$ 52,11 bilhões.

Centro-Sul e Oeste

De acordo com o Sinduscon-MG, os apartamentos de padrão Standard, com valores entre R$ 350 mil e R$ 700 mil, e padrão Luxo, entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões, concentraram 84% dos lançamentos no período, evidenciando o foco das incorporadoras em faixas de maior valor agregado e de maior liquidez junto ao público comprador.

As regiões Centro-Sul e Oeste são as que concentram maior parte dos lançamentos na capital mineira. “São as regiões que dependem menos do nível de renda, com patamar de renda mais elevado. Onde as taxas de juros não influenciam tanto na decisão. A região Centro-Sul, por exemplo, concentrou 34% dos lançamentos e 40% das vendas no primeiro trimestre”, disse Ieda. 

A legislação mais restritiva (que busca uma eficiência ambiental maior, trabahada no Plano Diretor) e o alto custo do setor são alguns dos motivos que fazem a construção civil em BH e Nova Lima priorizar os edifícios de melhor padrão, em vez das opções mais econômicas - justamente onde está o déficit habitacional. Uma grande busca entre a classe média alta dá a direção para as construtoras. “Em Belo Horizonte, há pouca oferta de imóveis novos e muita demanda. É a lei do mercado”, explicou a economista. 

Com uma demanda tão alta, naturalmente cresce a oferta de trabalho no setor da construção civil. Segundo Ieda, Belo Horizonte foi a segunda cidade do Brasil que mais gerou postos com carteira assinada neste setor - atrás somente de São Paulo. “Foram 5.349 vagas, 61% do total de empregos gerados na cidade. Mesmo que sejamos sempre uma cidade pujante, este segundo lugar é muito impressionante”, revelou. Atualmente, Belo Horizonte é a sexta maior cidade do país.