Os advogados de defesa do caminhoneiro envolvido em um acidente na BR-116 que terminou com 39 mortos em dezembro do ano ado negaram que o condutor tenha feito uso de ecstasy, cocaína e álcool antes da batida. A versão dos advogados, que contesta as informações readas pela Polícia Civil (PCMG), é baseada no resultado de exames toxicológicos particulares realizados no dia 21 de janeiro, um mês após o acidente, e apresentados nesta segunda-feira (10 de fevereiro) à imprensa.

“Ele não é usuário de drogas. Ele não fez o uso de drogas no dia do acidente e não estava sob influência de bebida alcoólica ou qualquer droga que cause dependência ou influência psicomotora”, garantiu o advogado Raony Scheffer. 

Segundo a equipe de defesa, um exame toxicológico particular foi contratado após a prisão e coletado ainda na delegacia. No dia 31 de janeiro, o laboratório solicitou novas amostras, novamente cedidas pelo suspeito. Os testes foram analisados com amostras de pelo, que tem janela de detecção de substâncias usadas há até 180 dias. O laudo divulgado pelo laboratório deu negativo para presença de cocaína, ecstasy, anfetaminas, maconha e heroína. 

“Todos nós sabemos da gravidade desse acidente, que lamentavelmente faleceram 39 pessoas. A Polícia Civil fez a coleta do exame de urina no dia do depoimento dele (dois dias após o acidente). Mas, segundo a decisão judicial, o exame foi feito no dia 18 de janeiro, dois dias antes da prisão dele. Esse resultado supostamente positivo nos pegou de surpresa. O exame de urina é fraco, o de pelo que fizemos é mais forte”, afirma. 

A defesa questiona ainda o sigilo colocado no inquérito, que impede que a defesa tenha o ao laudo. “A gente não teve o ao exame. Esse resultado não condiz com a realidade”, pontua. 

Para a defesa, o acidente aconteceu por falha mecânica. “Preliminarmente foi colhido o depoimento de testemunhas que atestará a polícia que viram o estouro do pneu do ônibus. O que houve foi a colisão com o segundo bitrem quando ele desviou para não bater o cavalo mecânico. Nós entendemos que houve falha mecânica do ônibus, segundo testemunhas que tinham campo visual e auditivo sobre o acidente. Se não for dar crédito para elas, vai dar crédito para o depoimento de quem?”, questiona. 

Diante da nova evidência, a defesa afirma que vai entrar com um pedido de habeas corpus nesta segunda-feira, solicitando a soltura do motorista. “Com esse novo exame a justiça em tese tem o dever de revogar a prisão”, finalizou.

Indagado sobre o possível excesso de carga da carreta no momento do acidente, o advogado informou que essa fiscalização seria de responsabilidade da empresa, isentando o motorista dessa suposta irregularidade. Já em relação ao possível excesso de velocidade, Scheffer disse que a carreta possui um equipamento que limita a velocidade a 90km/h. Além disso, segundo o advogado, no momento do acidente o tacógrafo indica que a carreta estava a 85km/h. 

Acidente

Um ônibus de viagem interestadual com 45 ageiros pegou fogo após se envolver em um acidente com uma carreta e um carro na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais, no dia 21 de dezembro. O acidente provocou a interdição da rodovia federal — 39 pessoas morreram e outras nove pessoas ficaram feridas. O ônibus saiu de São Paulo na sexta-feira (20) e seguia para a Bahia. As vítimas são dos Estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Paraíba. 

Investigação aponta hipóteses sobre acidente envolvendo ônibus e carreta

Uma das possibilidades levantadas desde o dia do acidente é a de que uma pedra de granito tenha caído da carreta que trafegava no sentido contrário, provocando a colisão do ônibus. 

Outra informação inicialmente divulgada no dia do acidente foi a de que o pneu do ônibus teria estourado, o que fez o motorista perder o controle da direção. Apesar de nenhuma possibilidade ter sido descartada, o perito criminal Felipe Dapieve destacou que, até o momento, essa hipótese não se confirmou.

“Ainda não encontramos vestígios de um pneu estourado, mas isso não elimina a possibilidade. No momento, não há evidências que apontem nessa direção”, explicou o perito.