No comando do Sada Cruzeiro desde 2021, Filipe Ferraz tem sido determinante nas conquistas da equipe, como agora no título da Superliga 2024/2025, quando promoveu alterações decisivas para a vitória. Mesmo assim, não é lembrado para a seleção brasileira. Algo que o incomoda? O próprio treinador abriu o jogo a respeito.
Em entrevista exclusiva à O TEMPO, Filipe Ferraz falou sobre o assunto. "A gente sempre é cobrado (a falar) sobre seleção. O que eu falo é assim: 'sobre seleção, não é o Filipe. O que o Filipe pode fazer é dentro de quadra. É o seu trabalho, resultados", iniciou o treinador.
Filipe confirmou nunca ter sido sequer ado pela entidade que dirige o voleibol brasileiro. "Eu falo também: 'nunca tive um contato da CBV, da Confederação Brasileira (de Vôlei), sobre qualquer coisa", acrescentou.
O treinador tenta não entrar em polêmica e afirma preferir manter o foco apenas em sua equipe. "Pra mim, fica assim. A seleção está bem servida com o Bernard (técnico Bernardinho). Eu procuro fazer o meu melhor no Sada Cruzeiro e se isso não gabaritar, ganhar títulos, que a gente fique por aqui", afirmou Filipe Ferraz, sem nenhum tipo de mágoa na fala.
Já em relação a vitória sobre o Vôlei Renata/Campinas, na decisão da Superliga, Filipe preferiu exaltar os atletas. "Muito feliz pelo que eles fizeram em quadra, o mérito deles, os heróis são eles, eles que brilharam dentro de quadra. A gente apenas encurtou caminho, trazendo algumas estratégias bacanas para que eles pudessem efetuar e fizeram muito bem, com maestria e aí está mais um título de Superliga", afirmou.
Pura modéstia do professor. Na prática, após ver o time não conseguir render bem no primeiro set e ser superado pelo adversário, o comandante não titubeou em sacar da equipe dois dos principais nomes do elenco para mandar Vacarri e Oppenkoski à quadra. E os dois foram decisivos para a vitória de virada.
"Tirar um Wallace, um Douglas, campeões olímpicos, realmente não é fácil, mas, ao mesmo tempo, os meninos que o substituíram, o Oppenkoski e o Vaccari, já vinham treinando muito bem e aproveitaram a oportunidade numa final, que não é brincadeira, pressão, com dez mil pessoas, e eles fizeram muito bem o jogo. Talvez o caminho seria outro se eles não tivessem entrado", reconheceu ao ser questionado pela reportagem sobre as substituições.
Na visão de Filipe, isso só reforça a força do elenco do Sada Cruzeiro. "A gente preza muito por isso. A gente fala de um time. E um time é composto desde a gestão, desde o cara que ajuda com a água, o que enche a bola, o que limpa o chão. A gente é um time. A gente precisa de todos. Se todas as coisas caminharem bem, acontece conforme aconteceu no jogo", acrescentou.
Mesmo mais de uma semana após a conquista do título da Superliga, Filipe Ferraz afirma que ainda não havia 'caído a ficha' de ter se tornado o maior campeão da história da competição.
'Bacana demais poder receber essas homenagens, esses números que vão crescendo ainda mais, mas ainda não processei esse número. Décimo título de Superliga, sete deles como atleta, três como treinador. Dez no total, único a conseguir isso. É algo maravilhoso!", finalizou