futebol nacional

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, expõe cenário e eleição da CBF 7195b

Rubro-Negro destaca a necessidade de uma mudança no estatuto da entidade 3c1r2q

Por Lance
Publicado em 24 de maio de 2025 | 05:39
 
 
LANCE

A CBF terá um novo presidente neste domingo (25), quando será realizada a eleição para preencher a vaga deixada por Ednaldo Rodrigues, afastado por decisão judicial. O nome do sucessor já é público: Samir Xaud, da Federação Roraimense de Futebol (FRF). O formato eleitoral, porém, é frequentemente questionado por figuras do futebol, como Eduardo Bandeira de Mello, ex-mandatário do Flamengo. Em entrevista exclusiva ao Lance!, ele pediu mais voz aos clubes, dirigentes e jogadores, e citou exemplo do caso Ronaldo.

Para Eduardo Bandeira de Mello, nome importante na história do Flamengo, o sistema de eleição da CBF é ultraado, e impede que pessoas "de fora" consigam se candidatar, como o ex-jogador da Seleção Brasileira.

— O que é uma federação de futebol: é um departamento regional da própria CBF, cujos presidentes são remunerados por ela. Então, o presidente da CBF é eleito por aquelas pessoas que ele paga todo mês. Isso tá correto? E para não falar só de clubes, mas por que os atletas não têm poder de voz e voto dentro da eleição da CBF? E os treinadores, os dirigentes profissionais e os árbitros? Como acontece no mundo inteiro, inclusive no Brasil acontece em alguns esportes. Por que o futebol brasileiro está nessa? Isso talvez explique o desempenho pífio que a gente tem. Se está assim em campo, é porque provavelmente a causa de tudo isso está fora dele — iniciou Bandeira de Mello ao Lance!.

Eduardo Bandeira de Mello em entrevista ao Lance! (Foto: Divulgação/Lance!)

— O Ronaldo tem uma história no futebol brasileiro. O fato dele estar se oferecendo para colaborar deveria ser motivo de regozijo para todos nós. Mas, ao contrário, né? Você tinha dois grupos brigando dentro do sistema que, quando o Ronaldo apareceu, resolveram se juntar e entrar num acordo porque tinha um inimigo externo. Mas ficou evidente, desde o caso da possível candidatura do Ronaldo, que está tudo errado. A gente tem que mudar isso e tem que mudar para valer mesmo. Eu estou trabalhando para isso lá no Congresso Nacional — completou o ex-dirigente, atual deputado federal.

Posicionamento dos clubes j3k6x

Enquanto Samir Xaud conquistou o apoio de grande parte das federações, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, teve o apoio dos clubes. Posteriormente, as instituições se opam a eleição de domingo. Bandeira de Melllo, ex-Flamengo, abordou esse cenário, e criticou, mais uma vez, o posicionamento das federações na eleição à presidência da CBF.

— Então, 20 clubes. No início eram 32 que estavam apoiando a candidatura do Reinaldo Carneiro, presidente da Federação Paulista, agora baixou para 20. Pode ser que até domingo na eleição sejam 15, 10. O fato é que podem ser 10, 15, 20 ou 30, juntar Série C, Série D. Não vai adiantar nada, quem manda são as federações. E como federação não existe, federação é a própria CBF, estamos falando do sistema CBF. Ou seja, não adianta nada os clubes se juntarem — disse.

Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, comenta cenário da eleição da CBF (Foto: Divulgação)

— Mas é claro que é positivo que 20 clubes tenham se unido para propor mudanças, todas aquelas mudanças que eles colocaram lá são positivas. Eu já cheguei a um ponto que custo a acreditar que esse tipo de mudança venha dentro de um processo endógeno, que venha da própria direção da CBF. Vamos mudar, vamos acabar com essa coisa dos pesos diferenciados — complementou.

Como funciona a eleição para presidente da CBF 623g5m

O colégio eleitoral da CBF é formado por 27 federações estaduais, 20 clubes da Série A e 20 clubes da Série B. Cada grupo possui um peso específico na votação: os votos das federações têm peso 3, os clubes da Série A têm peso 2, e os da Série B peso 1.

Com apoio de 25 federações e dez clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro, Samir se candidatou. Com este cenário, não foi possível a candidatura de outro nome. Afinal, é necessário ter o apoio formal de oito federações e cinco clubes para oficializar a inscrição no pleito.

Problema de governança da CBF 2s14f

Para o ex-presidente do Flamengo, o que acontece com o futebol brasileiro é consequência do problema de governança da CBF.

— É uma repetição do que vem acontecendo ao longo dos anos, só que dessa vez foi mais emblemático porque as coisas foram mais vergonhosas. Teve aquela matéria devastadora da revista Piauí que chamou a atenção de muita gente que não estava acompanhando o que acontecia no futebol brasileiro para essa nova realidade. E isso calhou com a eleição da CBF. Acho que o que salta aos olhos é que a governança do futebol brasileiro é anacrônica e irresponsável, exercida por pouquíssimas pessoas, pouquíssimas famílias que se perpetuam no poder, que se revezam no poder — afirmou.

Bandeira faz criticas ao sistema eleitoral da CBF (Foto: Arte/Lance!)

— No futebol brasileiro, cujos principais, vamos dizer, atores são os clubes, eles não têm a menor condição de interferir nesse processo de governança da CBF. Você vê que mais de 80% dos clubes se juntaram e resolveram apoiar um candidato. O que aconteceu? A chapa não conseguiu nem ser registrada. Agora, no fim de semana, vamos ter a eleição e vai ser sagrado um presidente que ninguém conhecia. Pode ser uma excelente pessoa, não conheço e não tô aqui para falar mal de pessoas — disse Bandeira, ex-presidente do Flamengo, sobre eleição na CBF.

Escolha pela contratação de Carlo Ancelotti 2p1h1i

Sobre campo e bola, Bandeira disse estar de acordo com a contratação de Carlo Ancelotti, que deixa o Real Madrid para assumir a Seleção. O rubro-negro comentou a contratação do estrangeiro, e relembrou quando levou o técnico Reinaldo Rueda, também de fora do país, para o Flamengo.

— Não tem problema nenhum ter um estrangeiro na Seleção Brasileira, como não teve quando estive no Flamengo, com o professor Reinaldo Rueda. Fez um trabalho excelente. Depois nós tivemos o Jorge Jesus, que foi um marco na história do Flamengo. Não tem problema nenhum ser estrangeiro. O Ancelotti é um treinador consagrado, um dos principais nomes na história do futebol mundial. Acredito que ele pode fazer um excelente trabalho — resumiu.

Carlo Ancelotti assume a Seleção Brasileira na segunda-feira (Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP)