Após o boliviano Miguelito, do América, ter sido preso em flagrante na noite deste domingo (4), em Ponta Grossa, acusado de proferir injúria racial contra Allano, do Operário, durante duelo entre as equipes pela Série B do Brasileiro, um dos principais dirigentes do clube mineiro destacou haver 'versões diferentes' sobre o caso.
Alencar da Silveira Júnior, presidente do Conselho gestor do América, destacou o que considera como inconsistências dos relatos utilizados para a configuração do flagrante.
"O que ele (Allano) falou dentro de campo não sustentou. Ninguém sustentou. O juiz colocou uma coisa na súmula, na delegacia (o atleta) falou uma outra", destacou Alencar a respeito das falas do jogador do Operário.
Na súmula oficial da partida, o árbitro tocantinense Alisson Sidnei Furtado relatou que Allano veio até sua direção "alegando ter sido chamado de 'preto cagão' por Miguelito", mas ressaltou que nem ele ou outro integrante da equipe da arbitragem 'viu/ouviu o suposto ato de injúria'.
Entretanto, de acordo com o dirigente do América, no depoimento à Polícia Civil, após a partida, Allano teria utilizado um termo diferente.
Para Alencar da Silveira, até mesmo pelo fato de Miguelito ainda não falar português de forma fluente, o jogador do América pode acabar tendo sido 'mal interpretado'. "Ele pode ter falado algum palavrão e deu a entender outra coisa", destaca o dirigente do Coelho.
O América acompanhará as investigações e, mesmo que o advogado pessoal de Miguelito já esteja acompanhando o caso, o clube também prestará apoio jurídico ao jogador.
Dower Araújo, presidente do América SAF, e Daniel Negrão, supervisor de futebol do clube, permanecem em Ponta Grossa, acompanhando de perto a situação.
Alencar já adianta que pode haver um pedido de contestação da decisão. "O advogado está lá em Ponta Grossa, vai contestar", antecipou.
Nesta segunda (5), Miguelito já deixou a delegacia e foi levado para o Fórum de Ponta Grossa. Ela aguarda a realização da audiência de custódia, que deve ser realizada de forma virtual.