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Prorrogação da dívida sela aproximação entre Tadeuzinho e Pacheco
Após STF conceder liminar, os presidentes da ALMG e do Congresso Nacional, que se reaproximaram ao ocupar vácuo deixado por Zema, trocaram afagos nesta quinta (14/12)

A prorrogação até 20 de abril de 2024 da carência da dívida de R$ 156,57 bilhões do Estado com a União selou a aproximação entre o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), o Tadeuzinho, e o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD). Apesar de ter minimizado uma eventual derrota do governador Romeu Zema (Novo), Tadeuzinho foi taxativo, nesta quinta-feira (14/12), ao apontar Pacheco como o responsável pelo fôlego dado sobretudo à ALMG.
Em coletiva à imprensa acompanhado por todos os líderes da ALMG, o presidente, após agradecer aos deputados, disse que é fundamental agradecer à participação, “desde o primeiro momento”, do senador. “É uma pessoa que vem fazendo um trabalho importantíssimo para o Brasil como um todo, mas, especialmente neste tema, está sendo realmente o grande salvador do Estado de Minas Gerais”, apontou ele, que nessa quarta, já havia atribuído a vitória ao presidente do Congresso.
Mais tarde, ao citar o governo Zema e o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando disse que “todas as partes sentaram-se à mesa nos últimos dias para construir uma solução”, Tadeuzinho voltou a destacar Pacheco. Para o deputado, o senador, que não descarta uma candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026, foi o “grande mediador e maestro” para que uma alternativa à adesão ao RRF fosse apresentada e o prazo, prorrogado por 120 dias.
Questionado se Zema, que, até então, defendia a adesão ao RRF como única alternativa, não teria saído derrotado, Tadeuzinho desconversou. “Não vejo como derrota ou vitória de ninguém”, pontuou. “A grande vitoriosa em todo este processo é a população de Minas, que, de fato, vai ganhar um tempo para que o parlamento e os governos (Zema e Lula) construam um novo caminho”, acrescentou o presidente, que reiterou as críticas à adesão ao RRF, que, nas suas palavras, sacrificaria servidores, empresas e os serviços públicos.
Enquanto Tadeuzinho falava à imprensa, Pacheco, também em coletiva, mas em Brasília, retribuiu o gesto e disse que foi o presidente da ALMG, na verdade, o precursor da alternativa ao RRF. “(Quero fazer) Um reconhecimento público muito importante também à altivez da ALMG, especialmente do seu presidente, Tadeu Leite, que foi, na verdade, o precursor dessa solução, quando me trouxe, com uma política de muita qualidade, o problema aqui em Brasília para que pudéssemos unir todos”, sinalizou o senador.
Desde quando o plano de recuperação fiscal apresentado por Zema chegou à ALMG em outubro, Tadeuzinho deixou claro ser contrário à adesão. Após uma nota técnica com os ajustes sugeridos pelo governo vazar à imprensa em uma sexta, o presidente, na segunda seguinte, convocou uma coletiva de imprensa. À época, o deputado afirmou que a adesão ao RRF não resolveria a dívida de Minas Gerais, já que, quando o Estado deixasse o programa nove anos após o ingresso, o ivo seria ainda maior.
Após cobrar publicamente que Zema buscasse uma alternativa em Brasília, Tadeuzinho foi atrás do presidente do Congresso Nacional, conforme apurou O TEMPO. O presidente da ALMG é próximo a Pacheco desde quando o senador era deputado federal e os dois faziam dobradinhas em algumas regiões - Pacheco ainda era filiado ao MDB. O senador também é amigo do pai de Tadeuzinho e ex-deputado estadual, federal e prefeito de Montes Claros, no Norte de Minas, Luiz Tadeu Leite.
À época, Tadeuzinho e Pacheco ocuparam o vácuo deixado por Zema, que estava em missão internacional na China e no Japão. O senador recebeu em Brasília tanto o presidente da ALMG quanto todos os líderes, desde o de governo, João Magalhães (MDB), até o da oposição, Ulysses Gomes (PT), para discutir uma alternativa à adesão ao RRF. A sugestão, que prevê a dação de estatais e créditos judiciários à União para parte da dívida, e, depois, parcelá-la por 12 anos, foi apresentada a Lula e, apenas depois, a Zema.
Apesar de ter assinado com o governador o pedido ao STF para prorrogar o prazo da carência da dívida, Tadeuzinho buscou sempre se distanciar. A princípio, embora tenha endossado a petição, o presidente tentou se descolar. “O pedido foi exatamente do governo do Estado. É importante que se deixe claro: a parte que pode fazer o pedido é o governo do Estado, e a ALMG se colocou à disposição para junto essa petição”, observou, ainda há uma semana, o presidente da ALMG.
Quando a petição teve que ser refeita na última segunda após ser apresentada nos autos de uma ação já transitada em julgado, Tadeuzinho, embora tenha demonstrado irritação a alguns interlocutores nos bastidores, minimizou publicamente o endereçamento errado. Por outro lado, o presidente fez questão de atribuir a estratégia jurídica à Advocacia-Geral do Estado (AGE). “A estratégia jurídica é toda do governo do Estado, da AGE, até porque ela que é a dona da ação que estava tramitando no STF”, apontou o presidente.