O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei os, afirmou nesta quinta-feira (4) que por meio de mensagens aprendidas durante as investigações sobre os atos de 8 de janeiro de 2023 será possível identificar os responsáveis pelo plano de prender e enforcar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em entrevista à GloboNews, o chefe da Polícia Federal disse que em breve eles saberão quem são os culpados. “A partir dessas mensagens a gente tem a possibilidade de identificação dos responsáveis”, afirmou. Ele completou que o órgão já tinha conhecimento do plano que está sendo  investigado no âmbito da operação Lesa Pátria.

Quase um ano depois dos ataques, Moraes contou em entrevista ao jornal O Globo, divulgada nesta quarta-feira (4), que investigações da PF sobre os ataques aos prédios dos Três Poderes mostraram que, caso um golpe de Estado vingasse, como pediam alguns manifestantes, ele poderia ser preso e enforcado.

Este seria um dos três destinos do ministro, conforme investigações da instituição, agora reveladas pelo ministro, que também ocupa a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”. 

“E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, completou Moraes na entrevista ao jornal fluminense. 

Alexandre de Moraes contou que “houve uma tentativa de planejamento”

Em uma das fases da operação Lesa Pátria, desencadeada no fim de setembro, agentes foram às ruas para apreender provas contra integrantes das Forças Especiais do Exército que teriam dado início às invasões aos prédios públicos em 8 de janeiro. Peritos recuperaram imagens que apontam para a ação dos primeiros invasores, usando balaclava e luvas, abrindo agem para o restante das pessoas pelo teto do Congresso Nacional – no prédio há uma agem na cúpula que dá o ao Salão Verde, o espaço que leva ao plenário da Câmara dos Deputados.

Alexandre de Moraes contou, na mesma entrevista, que “houve uma tentativa de planejamento”. “Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus os para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”, disse.

O ministro estava em viagem de férias com a família na Europa quando houve o ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília. Em 8 de janeiro, ele visitava Paris, quando seu filho lhe mostrou vídeos da invasão ao Congresso Nacional. “Liguei imediatamente para o ministro Flávio Dino (Justiça). Perguntei a ele como tinham entrado, porque havia ocorrido uma reunião de órgãos de segurança em que tinha ficado proibida a entrada de manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Num determinado momento, o presidente (Lula) também falou comigo”, contou ao O Globo.

Ainda segundo o presidente do TSE, Lula e Dino conversaram com ele sobre a possibilidade de intervenção federal ou a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). “Quem decidiu foi o Poder Executivo, mas eu relembrei que no tempo do presidente (Michel) Temer, houve a possibilidade de intervenção só na área da segurança, e talvez isso fosse melhor”, comentou o ministro do STF.