BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) investiga indícios de crime no incêndio que consumiu quase 40% da Floresta Nacional de Brasília (Flona). Três pessoas foram vistas no local pouco antes da queimada começar, na terça-feira (3). Bombeiros e brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) só conseguiram controlar o fogo na madrugada desta quinta-feira (5).
“Foi instaurado inquérito policial na Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da Superintendência da Polícia Federal no DF, em razão de se tratar de unidade de conservação federal. Com isso, a Polícia Federal fará a perícia do local para dar seguimento à investigação. Três pessoas foram vistas no local, provavelmente envolvidas com o início do fogo. A suspeita é de que o incêndio seja criminoso”, informou o ICMBio em nota.
“A gente teve três suspeitos vistos bem no momento em que os focos apareceram. Eles não eram visitantes, não estavam com trajes esportivos, não estavam fazendo caminhada ou andando de bicicleta. Os focos foram acontecendo muito longe um do outro. Então, não foi um incêndio que foi ando e se alastrando”, detalhou em entrevista o chefe da Flona, Fábio Miranda.
Além disso, as características do incêndio não são as mesmas de um incêndio ocasional, fruto de uma queima de manejo de propriedade que saiu do controle e ou para a unidade de conservação, segundo Miranda.
“A gente teve vários focos simultâneos, o que não é característica de incêndio ocasional, fruto de uma queima de uma propriedade e que ou para a unidade de conservação. A nossa principal suspeita é que ele foi criminoso. A gente pode até dizer que, necessariamente, ele foi criminoso. Porque começou dentro da unidade de conservação. Então, a questão é saber se foi intencional ou não. E a gente acredita que foi, sim, intencional”, afirmou o chefe da Flona.
Parque abastece 70% dos imóveis do Distrito Federal
A área total atingida é de 2.176 hectares – cerca de 38% do parque –, segundo balanço divulgado pelo ICMBio nesta quinta-feira. Bombeiros continuam no local para monitorar e evitar o surgimento de novos focos de incêndio, além de buscar possíveis animais feridos ou mortos. O fogo consumiu a vegetação de duas das cinco nascentes de água que ficam na Flona. A unidade de conservação abastece 70% dos imóveis do Distrito Federal.
A principal entrada da Flona fica a 22km da Esplanada dos Ministérios, perto de Taguatinga. A cobertura vegetal é formada por talhões de eucaliptos e pinus, pastos abandonados e áreas em recuperação que dividem espaço com importantes espécies do Cerrado. Com entrada gratuita, tem trilhas para visitantes, incluindo a maior trilha de mountain bike sinalizada em uma unidade de conservação do país.
O Corpo de Bombeiros tem registrado mais focos de incêndio em áreas de Cerrado no Distrito Federal nesta semana. Não chove há 136 dias na capital – a última chuva registrada pelo Inmet foi em 23 de abril. A umidade relativa do ar tem ficado abaixo de 15% nas horas mais quentes do dia. Na terça-feira (3) caiu a 7%. Foi o dia mais seco da história do DF. Até então, a menor era de 8%, registrada em 2011.