BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, para revogar a medida cautelar que impede que ele se encontre com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Procuradoria-Geral da República (PGR) também havia se manifestado contra a solicitação do dirigente partidário.

Em fevereiro, a defesa de Bolsonaro havia apresentado pedido semelhante ao Supremo, mas a solicitação também foi negada. O contato entre os dois políticos é considerado por membros do partido como fundamental para o resultado do PL no pleito de outubro deste ano, que definirá prefeitos e vereadores. 

A legenda espera, a partir da mobilização deles, fazer frente a uma nova polarização no cenário entre Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o ministro do tribunal, as medidas “se mostraram, e ainda se revelam, necessárias e adequadas, pois a investigação ainda se encontra em andamento, com análise de todo material apreendido e oitiva de novas testemunhas sobre os fatos”. 

Ambos foram alvos da operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro pela Polícia Federal (PF). Os agentes investigam "a tentativa de golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder". Citações apontam que Bolsonaro ordenou pessoalmente ajustes em uma minuta de golpe.

As apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, para tentar viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital. Segundo a PF, há indícios dos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. 

Valdemar da Costa Neto chegou a ser preso no âmbito da operação. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão contra o presidente nacional do PL, agentes federais encontraram na residência dele uma arma sem registro e uma pepita de ouro. Com autorização de Moraes, ele foi preso em flagrante por porte ilegal de arma.

Ele foi solto dois dias depois da operação. Valdemar foi descrito no inquérito da PF como um dos responsáveis por usar a estrutura do PL, inclusive a parte financeira, para elaborar estudos que colocassem em descrédito o sistema eleitoral brasileiro, mais especificamente sobre as eleições presidenciais de 2022.