Às vésperas de assumir a Presidência do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou, nesta sexta-feira (17), na abertura da Segunda Cúpula Virtual Vozes do Sul Global. Nele, o petista destacou o seu objetivo de buscar apoio internacional para pedir por mudanças no regimento do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

O presidente participou remotamente do evento organizado pela Índia, a atual presidente do G20, o grupo que reúne as principais economias globais. Em seu pronunciamento, ele ainda falou sobre a "preocupação com a falência das instituições internacionais" diante do que descreveu como uma "tragédia humanitária" marcada por crescentes escaladas de guerras.

“As tragédias humanitárias a que estamos assistindo evidenciam a falência das instituições internacionais. Por não refletirem a realidade atual, elas perderam efetividade e credibilidade. Em seu mandato no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil tem trabalhado incansavelmente pela paz. Mas as soluções são reiteradamente frustradas pelo direito de veto. Precisamos resgatar a confiança no multilateralismo”, discursou.

Crítico ao poder de veto dos países que são membros permanentes do conselho multilateral, o Brasil testemunhou com amargura os Estados Unidos bloquearem a resolução elaborada pela diplomacia brasileira sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Além dos EUA, têm cadeira fixa no conselho: China, França, Reino Unido e Rússia.  

O conflito teve início no dia 7 de outubro, no mesmo mês em que o Brasil assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança. A resolução foi aprovada por 12 das nações integrantes, mas o veto norte-americano foi suficiente para barrar o comunicado. Segundo representantes do país, o texto foi vetado por não deixar claro o direito de defesa de Israel. 

"Por não refletirem a realidade atual, essas instituições perderam efetividade e credibilidade", destacou Lula. Embora não tenha feito menção direta a nenhum país envolvido em conflito, o presidente reiterou sua condenação ao fato de "bilhões" serem investidos na manutenção de conflitos armados, ao o que "milhões de pessoas enfrentam a fome".

Presidência do G20

Lula discursou durante a abertura da Segunda Cúpula Virtual Vozes do Sul Global, a convite do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em virtude do Brasil assumir a presidência do G20 em dezembro. Nesse contexto,ele destacou seu compromisso em dar continuidade ao trabalho de "lançar luz sobre as necessidades do Sul Global" ao liderar o grupo das 20 maiores economias do mundo.

Em sua abordagem, o petista enfatizou as prioridades de combate à fome e às mudanças climáticas, apontando-as como "as duas maiores urgências do nosso tempo". Ele ressaltou ainda a importância desse empenho, observando que, embora historicamente não tenhamos sido os principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa, seremos os mais afetados pelas mudanças climáticas.

O presidente também aproveitou o palco internacional para reafirmar seu compromisso com a agenda das mudanças climáticas e convidou os países desenvolvidos a "honrarem" suas promessas na defesa e apoio à preservação ambiental. "Na COP 30 - evento que sediaremos no coração da Amazônia - insistiremos para que países desenvolvidos assumam metas mais ambiciosas e cumpram seus compromissos", ressaltou.

"Como representantes do Sul Global, nossa intenção não é, nem deve ser, antagonizar o chamado Norte. Contudo, uma ordem internacional justa requer que todas as vozes sejam ouvidas. Falaremos mais alto quando falarmos unidos", acrescentou. 

Logo após Lula, falaram ainda líderes de Bahrein, Egito, Guiana, Jamaica, Malawi, Moçambique, Nepal, Sérvia e Trinidad e Tobago. A cúpula juntou 125 países para “trocar impressões sobre suas prioridades, desafios e soluções, a partir da perspectiva do mundo em desenvolvimento”, informou o governo federal.