INDEFINIÇÃO

Reforma ministerial se arrasta e 'frita' ministros de Lula

Promessa é que mudanças serão aceleradas com o retorno do presidente ao país, mas espera deixa ministros e auxiliares em como de esper

Por Levy Guimarães
Publicado em 02 de abril de 2025 | 10:41

BRASÍLIA - Esperada para o início deste ano, a reforma ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue indefinida, o que vem gerando apreensão em algumas pastas. Alguns ministros cuja saída já era dada como certa ainda permanecem em seus cargos, mas sem que tenham recebido qualquer garantia de que irão permanecer.

Estão nesse como de espera, por exemplo, Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Cida Gonçalves (Mulheres), com eventos e ações de seus ministérios recebendo pouca atenção do governo. Um exemplo é o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março: em 2023, no primeiro ano de mandato, houve uma cerimônia no Palácio do Planalto, e no ano seguinte, Cida fez um pronunciamento em rede nacional. Já em 2025, nenhuma ação formal foi feita.

Entre os ministros cujo futuro estaria indefinido, também estão Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). No primeiro caso, a troca é considerada sensível por ser a pasta responsável pelo Bolsa Família e outros programas sociais, carros-chefe da istração petista. Ainda assim, não deixa de ser alvo de cobiça de partidos ao centro, sobretudo o PSD.

Todos esses ministérios são comandados por pessoas filiadas ao PT. E, em caso de trocas, a preferência dos petistas é que o partido mantenha o controle sobre os espaços. São pastas com forte apelo dentro da sigla por estarem ligadas a políticas sociais e ao diálogo com movimentos como o MST.

Expansão da base

Além de seus aliados mais fiéis, Lula não quer perder de vista legendas como União Brasil, Republicanos e PP, além do PSD e do MDB. Juntas, essas agremiações de centro e centro-direita comandam 11 ministérios.

O presidente quer manter um diálogo mais constante com os presidentes dos partidos para entender a temperatura interna em cada um e o que essas legendas podem oferecer ao Planalto em governabilidade e em alianças para 2026. 

O cenário mais provável é que algumas delas não caminhem junto com o governo nas próximas eleições. O União Brasil vai lançar a pré-candidatura de Ronaldo Caiado, enquanto PP e Republicanos veem com bons olhos uma empreitada de Tarcísio de Freitas ao Planalto, possivelmente com o apoio do PL caso o ex-presidente Jair Bolsonaro se mantenha inelegível.

Isso não impede que alguns quadros desses partidos caminhem ao lado de Lula em 2026. Um exemplo é o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, filiado ao Republicanos, que já declarou apoio à reeleição do petista.

No entanto, afeta diretamente o cálculo político para aceitar ou não um cargo na Esplanada a essa altura. A menos de um ano e meio da eleição, quem assumir um ministério vai inevitavelmente ter sua imagem atrelada ao governo Lula, em um cenário de queda na aprovação do presidente.